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Alvo da Alba Branca revela entrega de dinheiro em empresa de Nelson Marquezelli

O deputado Nelson Marquezelli - Jefferson Rudy/Folha Imagem
O deputado Nelson Marquezelli Imagem: Jefferson Rudy/Folha Imagem

De São Paulo

03/02/2016 10h07Atualizada em 03/02/2016 15h24

A Operação Alba Branca aponta a distribuidora de bebidas do deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP), em Pirassununga, interior de São Paulo, como um dos endereços de suposta entrega de propinas da quadrilha da merenda escolar que agia em pelo menos 22 prefeituras e mirava em contratos da Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB). O deputado nega as acusações.

Um dos alvos da investigação, Carlos Luciano Lopes, relatou ao Ministério Público e à Polícia Civil que o lobista da organização Marcel Ferreira Júlio fazia pagamentos naquele local de "comissões" sobre venda de produtos agrícolas superfaturados para merenda.

O depoimento de Lopes foi dado no dia 20 de janeiro, um dia depois que Alba Branca foi deflagrada.

Vendedor da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), carro-chefe do esquema de fraudes em licitações, Lopes contou que, em duas ocasiões, acompanhou um colega, César Bertholino, e o lobista Marcel Ferreira Júlio, filho do ex-deputado Leonel Júlio - cassado em 1976 pelo regime militar em meio ao famoso "escândalo das calcinhas".

"Numa dessas vezes que César levava dinheiro para ele (Marcel), era combinado que se encontrariam na cidade de Pirassununga, onde o pagamento era realizado na distribuidora de bebidas de propriedade do deputado Nelson Marquezelli", relatou Carlos Luciano Lopes.

Segundo ele, "nas duas oportunidades em que esteve presente, o pagamento da 'comissão' realizou-se no estacionamento da distribuidora".

O vendedor da Coaf afirmou. "Marcel guardava o dinheiro no seu automóvel, em seguida todos entravam no escritório do deputado, conversavam sobre assuntos políticos, mas em determinado momento da conversa o declarante e César Bertholino se retiravam da sala a pedido de Marcel."

Ainda segundo o investigado, Marcel "ficava a sós com o deputado, alegando o declarante desconhecer o assunto do qual tratavam".

Carlos Luciano Lopes declarou que nessas duas oportunidades ele e César Bertholino "aguardaram Marcel sair da sala do deputado e saíam com ele do escritório, não sabendo se depois ele retornava para entregar parte desta comissão ao deputado".

Ele declarou não saber dizer "se o deputado Nelson Marquezelli recebia 'comissão' do contrato firmado com o Estado ou com prefeituras.

Outro lado

Em nota, a assessoria de Marquezelli diz que as acusações são infundadas. Veja a baixo a íntegra da nota:

"1 - Em relação às primeiras citações do nome do deputado Nelson Marquezelli, é necessário esclarecer inicialmente em que contexto isso ocorreu. O depoimento do sr. Carlos Santana da Silva diz textualmente: "Também narra que por ouvir dizer soube que o deputado Marquezelli iria agendar algumas cidades para que a Coaf fizesse vendas, mas não se confirmou."
Trata-se, neste caso, de uma citação sem a menor consistência, em que o próprio depoente deixa claro que "ouviu dizer", sem apresentar qualquer indício ou prova de fatos que, obviamente, jamais ocorreram.
O nome do deputado, dessa forma,  foi envolvido de maneira torpe com base em declarações infundadas, sem base em nenhum fato e por versões desprovidas de fundamentos.

2 - Em relação à notícia publicada hoje na versão eletrônica de "O Estado de S. Paulo", reproduzida pelo UOL, há uma enorme confusão de versões que podem levam o leitor a inferir que houve supostos pagamentos ilegais dentro do estacionamento da distribuidora de bebidas que pertence à família do deputado Marquezelli.
O título já permite uma leitura de que esses valores ilegais poderiam estar vinculados ao deputado Marquezelli, o que jamais ocorreu.
Inicialmente, cabe dizer que o deputado Marquezelli recebeu o sr. Marcel Ferreira Julio na condição de filho do ex-deputado Leonel Julio em seu escritório político, que fica ao lado da distribuidora, em Pirassununga (SP), duas ou três vezes. O sr. fez pedidos para a intercessão do deputado Marquezelli, em Brasília, mas que não se concretizaram.
Caso alguma entrega de valores ilegais tenha ocorrido nas dependências do estacionamento, o deputado espera que as pessoas envolvidas nesses fatos sejam punidas exemplarmente pela Justiça.

3 - O deputado Marquezelli já acionou seus advogados para que sejam acionadas todas as pessoas que fizeram citações indevidas e que levaram à exposição de seu nome em veículos de comunicação de repercussão nacional.

O deputado, em sua sexta legislatura, é um empresário de trajetória reconhecida no interior de São Paulo, um parlamentar de atuação permanente pelo setor do agronegócio nacional e goza do apoio e da confiança desse que talvez o mais importante setor da economia brasileira.

Por fim, o deputado confia no trabalho das autoridades e espera o desfecho do caso para que toda a verdade seja apurada."