Instituto da UFRJ inaugura supercomputador 'econômico'
Enquanto o maior supercomputador do Brasil - o Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) - consome tanta energia que corre o risco de ser desligado por falta de recursos para pagar a salgada conta de luz, a nova máquina da Coppe, embora não seja tão poderosa, foi desenhada para consumir pouca energia e para ter vida útil mais longa.
De acordo com Guilherme Travassos, professor de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe, que coordenou a instalação do novo equipamento, o supercomputador será o mais potente instalado em uma universidade federal e deverá quintuplicar a capacidade computacional dos projetos científicos da instituição.
"A maior parte das pesquisas feitas na Coppe dependem da potência computacional do instituto. Hoje, temos muitos estudos em andamento que estão limitados por esse fator. A nova máquina tem uma potência que nos atende muito bem e uma eficiência energética fantástica. Provavelmente é o supercomputador mais eficiente do País", disse Travassos ao jornal O Estado de S. Paulo.
De acordo com ele, o novo supercomputador foi desenhado com um sistema de monitoramento de automação e controle tão avançado, que não precisará funcionar 24 horas por dia, como ocorre com os centros de computação convencionais.
"Os centros convencionais são montados para funcionar 24 horas por dia e isso exige profissionais presentes o tempo todo. Nosso sistema de engenharia de automação é tão sofisticado que poderemos manter um regime de funcionamento de cinco dias por semana e oito horas por dia", afirmou Travassos.
Segundo Travassos, um dos fatores que garante a eficiência do supercomputador é seu sistema de refrigeração não-convencional, associado à operação remota garantida por um conjunto de sensores. A combinação de todos esses recursos produz um ambiente inteligente que também aumenta a vida útil do equipamento.
"A máquina está embutida junto ao sistema de ar condicionado de corredor frio. Essa máquinas são muito grandes e têm grande demanda de energia. Mas o nível de sofisticação dos controles é tão alto, que podemos fazer com que o supercomputador reduza o fluxo de consumo durante o horário de pico - quando a energia é cinco vezes mais cara", explicou.
Demanda reprimida
O supercomputador foi batizado de Lobo Carneiro, em homenagem ao engenheiro Fernando Lobo Carneiro, professor da UFRJ que participou da fundação da Coppe. A máquina, que tem capacidade para realizar 230 trilhões de operações matemáticas por segundo, teve custo total de R$ 10 milhões, financiados por um fundo controlado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
De acordo com Travassos, um comitê local da Coppe fará a gestão do uso da máquina e cerca de um terço do tempo de operação será dedicado a atender a demanda do instituto. Um terço atenderá os pesquisadores da UFRJ e um terço atenderá outros parceiros da instituição, incluindo projetos com empresas.
"Já temos uma fila para utilizar o supercomputador. Há uma demanda reprimida bastante grande", disse Travassos. Segundo ele, a máquina será usada para projetos de pesquisa que já estão em andamento, que incluem estudos para a otimização da matriz energética, para redimensionamento das linhas de transmissão do País e para desenvolver novas fontes de energia.
"Deverá ser utilizado também em pesquisas sobre mudanças climáticas e prevenção de desastres ambientais, na exploração de petróleo em águas profundas e no desenvolvimento de medicamentos e de vacinas como as da zika e da febre amarela", afirmou o professor.
Segundo Travassos, embora a eficiência - e não a potência - tenha sido o critério para a escolha do novo computador, a capacidade da máquina ainda é considerável. "É uma máquina robusta, com velocidade de operação de 226 teraflops, com capacidade de armazenamento de 720 terabytes em disco e com memória de 16 terabytes. A máquina conta com mais de 6 mil núcleos compostos por processadores Intel 2670v3. É uma plataforma bem contemporânea", disse.
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