Topo

'Um cristão não pode ser antissemita', diz Papa

11/10/2013 12h54

CIDADE DO VATICANO, 11 OUT (ANSA) - O papa Francisco realizou um forte chamado contra o antissemitismo, recordando as raízes judias do cristianismo, ao receber hoje (11) uma delegação da comunidade judaica de Roma nas comemorações dos 70 anos da deportação do gueto judaico romano.   

"É uma contradição que um cristão seja antissemita. Suas raízes são judias, um cristão não pode ser antissemita", disse o Papa.   

O Pontífice recebeu em audiência uma delegação da comunidade judaica romana liderada pelo rabino Riccardo Di Segni, no dia que se comemora os 70 anos da deportação dos judeus romanos para os campos de concentração nazistas.   

"[O] antissemitismo deve ser proibido do coração e da vida de cada homem e de cada mulher", afirmou Francisco.   

"Há muitos séculos a comunidade judaica e a Igreja de Roma convivem em nossa cidade, com uma história que com frequência foi atravessada por incompreensões e também por autênticas injustiças", disse o Pontífice.   

"É uma história, sem dúvida, que com a ajuda de Deus conheceu, já há muitas décadas, o desenvolvimento de relações amistosas e fraternas", acrescentou ele.   

"Espero contribuir aqui em Roma com esta aproximação e amizade como tive a graça de fazer com a comunidade judaica de Buenos Aires", disse Francisco.   

"Entre as muitas coisas que temos em comum, está o testemunho do Decálogo [nas religiões cristãs, os dez mandamentos da lei de Deus, o decálogo foi dado a Moisés no monte Sinai], como sólido fundamento também para nossa sociedade, tão desorientada por um pluralismo extremo de eleições e de orientações e marcada por um relativismo que leva a não ter mais pontos de referências sólidos e seguros", acrescentou ele. "A grande maioria [dos católicos que na época do Holocausto ajudaram os judeus] não tinham consciência da necessidade de atualizar a compreensão cristã do judaísmo e conheciam bem pouco a vida da comunidade judaica", lembrou o Papa.   

"Gosto de destacar este aspecto porque se é verdade que é importante aprofundar, dos dois lados, a reflexão teológica através do diálogo, é também certo que existe um diálogo vital, o da experiência cotidiana, que não é menos fundamental", destacou Francisco.   

"Por outro lado, sem este, sem uma verdadeira e concreta cultura do encontro, que leva a relações autênticas, sem prejuízos e suspeitas, o compromisso no campo intelectual serviria muito pouco. Aqui também, como amo destacar, o Povo de Deus intui o caminho que Deus lhe pede para percorrer", finalizou ele.   

Por sua vez, Di Segni saudou o Papa destacando que "olhando para trás, é evidente que se realizaram coisas boas. Mas com frequência, a solução de um problema traz muitos outros e não podemos nos iludir que conseguimos resolver tudo ou quase tudo".   

"É necessário trabalhar para esclarecer ainda, para compreender as sensibilidades e os pontos críticos, para que as mensagens positivas se difundam, a amizade e a confiança cresçam e o respeito recíproco seja real", finalizou o rabino.(ANSA)
Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.