'Tentativa de desgastar imagem de Lula é lamentável', diz Dilma
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira que "repudia tentativas de tentar destituir" o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "do respeito que o povo brasileiro tem por ele" e que considera "lamentável a tentativa de desgastar a imagem" de Lula.
Veja a declaração da presidente Dilma sobre o caso
A declaração da presidente foi dada durante encontro com seu colega francês, François Hollande, em Paris, nesta terça-feira - mesmo dia em que uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo cita um depoimento de Marcos Valério, em que o condenado como operador do mensalão afirma que Lula "deu ok" a empréstimos do Banco Rural e do BTG que ajudaram a financiar o esquema.
O depoimento de Valério foi dado em setembro à Procuradoria Geral da República, e o Estado diz ter tido acesso ao documento (assinado pelo advogado de Valério, Marcelo Leonardo, pela subprocuradora da República Cláudia Sampaio e pela procuradora da República Raquel Branquinho).
No documento, segundo o jornal, Valério disse também que o esquema do mensalão ajudou a bancar "despesas pessoais" de Lula.
'Respeito e amizade'
Na França, quando questionada a respeito do depoimento, Dilma disse que é conhecida sua "admiração, respeito e amizade" por Lula. "Portanto, repudio todas as tentativas - essa não seria a primeira vez - de tentar destitui-lo da imensa carga de respeito que o provo brasileiro lhe tem".
"Respeito porque o presidente Lula foi o presidente que desenvolveu o país e que é responsável pela distribuição de renda mais expressiva dos últimos anos, pelo que ele fez internacionalmente, pela sua extrema amizade pela África, pelo seu olhar e pelo estabelecimento de relações iguais com países desenvolvidos. Considero lamentável essa tentativa de desgastar imagem do presidente", acrescentou Dilma.
Hollande, que participou da entrevista coletiva com Dilma após o encontro entre os dois no Palácio de Eliseu, também elogiou o ex-presidente brasileiro.
"Lula é visto como uma referência, tem uma imagem considerável na França, a de uma homem que defendeu constantemente princípios de justiça e de solidariedade, assegurando, ao mesmo tempo, o desenvolvimento social do Brasil", declarou o presidente francês.
Lula, que também está em viagem à França e dividiu com Dilma e Hollande o palco de um seminário sobre crescimento, disse, por meio de sua assessoria, que "não há nenhum comentário a fazer" sobre as alegações de Valério.
O ex-presidente evitou contato direto com a imprensa durante o evento e, questionado por um jornalista, teria apenas dito que as acusações eram "mentira".
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, também foi citado na reportagem de O Estado de S. Paulo. Em trecho do depoimento à Procuradoria Geral da República publicado pelo jornal, Marcos Valério diz que Okamotto o teria ameaçado de morte.
Também na França, Okamotto negou que tenha feito ameaças a Marcos Valério ou dito que alguém do PT queria matá-lo. Ele afirmou que nunca intimidou o publicitário.
"Não tenho nenhum motivo para ameaçá-lo de morte", disse a jornalistas no seminário em Paris.
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