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Empresa faz megaoperação para destruir 400 milhões de pacotes de macarrão instantâneo na Índia

Pacotes de macarrão instântaneo Maggi em loja de Faridabad, no subúrbio de Nova Déli - Money Sharma/AFP
Pacotes de macarrão instântaneo Maggi em loja de Faridabad, no subúrbio de Nova Déli Imagem: Money Sharma/AFP

19/06/2015 20h58

Destruição deve demorar pelo menos 40 dias para ser concluída, diz Nestlé; autoridades indianas proibiram venda do produto

A gigante de alimentos suíça Nestlé vai destruir 400 milhões de pacotes de seu popular macarrão instantâneo Maggi na Índia, em uma operação sem precedentes na história da indústria de alimentos mundial.

Segundo a companhia, serão necessários pelo menos 40 dias para concluir o trabalho.

No início deste mês, a FSSAI (Food Safety and Standards Authority of India, a Anvisa indiana) proibiu a comercialização do alimento.

Segundo a agência reguladora, testes constataram que o produto era "inseguro e perigoso". O órgão também acusou a Nestlé de descumprir as leis de segurança alimentar do país.

A gigante suíça controla 80% do mercado indiano de macarrão instantâneo.

A filial indiana da Nestlé começou, então, uma operação logística de grandes proporções para recolher e destruir 27 mil toneladas do produto por todo o país.

Segundo a companhia, trata-se de um dos maiores 'recalls' não só de sua história, quanto de indústria de alimentos mundial.

Desafio

O problema é que a Nestlé não detém o controle de todas as embalagens que devem ser destruídas.

A companhia afirma que 17 mil toneladas do produto estão atualmente nas mãos de distribuidores, varejistas e consumidores. Diante disso, a gigante suíça se viu obrigada a comprar o alimento de volta para, então, poder destruí-lo.

Quando todo o macarrão instantâneo for recolhido do mercado, serão necessários milhares de caminhões para levá-lo a cinco usinas de incineração, onde o produto será misturado à gasolina e destruido sob altas temperaturas.

A Nestlé diz que a capacidade de destruição é de cerca de 700 toneladas por dia, o que exigirá pelo menos 40 dias para que todo o estoque seja eliminado.

No início deste mês, a empresa começou a recolher das lojas toda a marca Maggi, depois que autoridades indianas afirmaram que algumas embalagens do produto continham níveis de chumbo acima do permitido.

O CEO global da Nestlé, Paul Bulcke, pediu para ver os resultados dos testes realizados nos laboratórios e prometeu devolver o produto às lojas em breve.

Vários Estados do país começaram a testar o produto para a substância glutamato monossódico, conhecido pela sigla MSG.

No último dia 12 de junho, a mais alta corte de Mumbai negou uma apelação da Nestlé para reverter a proibição ao produto.

O tribunal determinou que o macarrão instantâneo fosse recolhido, mas ordenou às autoridades sanitárias que respondam às solicitações da empresa sobre uma eventual revogação do veto até a próxima audiência sobre o caso, no dia 30 de junho.

A Nestlé argumenta que os testes que constaram a presença de chumbo no produto são "falhos e imprecisos". A companhia afirma ter realizado avaliações próprias em mais de mil embalagens do macarrão instantâneo, além de ter encomendado testes externos em outras 600 embalagens.

"Todos os resultados indicam que o macarrão instantâneo Maggi é seguro e está dentro dos limites regulatórios estabelecidos na Índia", diz a empresa.

O macarrão instantâneo começou a ser vendido na Índia em 1983 e pode ser encontrado em mercados de todo o país.