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Dissidente cubana esfaqueada está fora de perigo

27/11/2014 20h56

Havana, 27 nov (EFE).- O estado de saúde de María Arango Percival, integrante do grupo opositor cubano Damas de Branco, "evolui bem" após ser esfaqueada há dois dias durante uma reunião de dissidentes na cidade de Santa Clara, no centro de Cuba, disse seu marido nesta quinta-feira à agência Efe.

"O médico disse que ela está fora de perigo", afirmou Nilo Gibert Arencibia, marido de María Arango e também dissidente, em declarações por telefone desde o hospital provincial de Santa Clara, onde María está internada no setor de terapia intensiva.

Gibert explicou que, embora a situação de sua esposa ainda seja "delicada", ela está melhorando, com a pressão arterial estabilizada e é provável que seja transferida amanhã para uma sala de tratamento intermediário.

María Arango, de 45 anos, foi agredida por um homem na terça-feira com duas punhaladas no lado esquerdo do tórax quando participava em reunião do grupo dissidente Frente Antitotalitária Unida na casa do coordenador geral e porta-voz, Guillermo Fariñas, que confirmou à Efe o incidente.

Fariñas disse que o ataque era contra ele, mas que saiu ileso porque rapidamente outras pessoas presentes entraram na frente dele. Todos tiveram ferimentos, mas de menor gravidade.

A única hospitalizada é María Arango, os outros quatro lesionados "estão se recuperando e recebendo tratamento médico ambulatorial", acrescentou Fariñas, que identificou o agressor como José Alberto Botell Cárdenas.

Fariñas disse que, embora tenha denunciado à polícia o ataque, o agressor está livre, "e inclusive passou hoje (quinta-feira) perto do hospital", o que considerou "uma provocação".

"É indiscutível que tem algum tipo de proteção com a segurança do Estado", acusou Fariñas, prêmio Sakharov de direitos humanos do parlamento Europeu em 2010, conhecido internacionalmente por ser protagonista de prolongadas greves de fome pela causa dos presos políticos.

A dissidente Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, em seu último relatório sobre a repressão em Cuba publicou que em outubro foram registrados 13 casos de agressões físicas a opositores; 65 de diversas formas de fustigação policial; 13 "atos de repúdio" com a participação de partidários do governo e oito atos de vandalismo contra suas casas.

O governo cubano considera os opositores "contra-revolucionários" e "mercenários" a serviço dos Estados Unidos.