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Milhares de pessoas se manifestam em Varsóvia contra proibição do aborto

Eric Gaillard/Reuters
Imagem: Eric Gaillard/Reuters

Em Berlim

09/04/2015 13h05

Berlim, 9 abr (EFE).- Milhares de pessoas se manifestaram neste sábado em frente à sede do parlamento da Polônia em Varsóvia contra uma iniciativa popular que procura a aprovação de uma lei para proibir o aborto no país.

Segundo os números fornecidos pelas organizações de mulheres responsáveis pela manifestação, 8.000 pessoas participaram em Varsóvia, enquanto em outras cidades polonesas também foram organizadas concentrações.

Pelo segundo fim de semana consecutivo, os manifestantes, apoiados por parte da oposição parlamentar, defenderam o direito a decidir das mulheres e mostraram seu temor a que grupos conservadores e católicos do país consigam promover uma norma que restrinja a atual legislação do aborto com apoio do partido governamental Lei e Justiça.

Junto a cartazes com mensagens em favor do direito à interrupção voluntária da gravidez e à educação sexual, várias das manifestantes carregavam cabides metálicos para lembrar o risco dos abortos ilegais.

Os protestos ganharam força depois que a primeira-ministra, Beata Szydlo, do partido conservador e nacionalista Lei e Justiça, apoiou a iniciativa popular de coleta de assinaturas lançada pela organização polonesa pró vida "Fundacja Pró" para apresentar um projeto no parlamento.

Perante a polêmica gerada por suas palavras, Szydlo negou que o governo contemplasse proibir a interrupção voluntária da gravidez e ressaltou que se tratava apenas de sua opinião pessoal.

O vice-primeiro-ministro e um dos políticos mais conservadores do Lei e Justiça, Jarosaw Gowin, também reconheceu que proibir o aborto na Polônia poderia levar a uma "rebelião social", mas seu partido antecipou que, se houver uma votação parlamentar, daria liberdade de voto aos deputados.

A lei polonesa permite atualmente a interrupção da gravidez apenas em caso de estupro, incapacidade grave do feto ou perigo para a vida da mãe.

A polêmica sobre o aborto se soma à crise aberta no país após a reforma do Tribunal Constitucional, que a própria corte invalidou em parte, e às críticas recebidas pela nova lei para regular os veículos de comunicação públicos.