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Militares golpistas de Burkina Fasso começam a se entregar ao Exército

22/09/2015 10h29

Ouagadogou, 22 set (EFE).- Soldados da guarda presidencial de Burkina Fasso, unidade que na semana passada deu um golpe de estado contra o governo de transição, começaram a se entregar nesta terça-feira ao Exército regular na capital, Ouagadogou, informam os meios de comunicação locais.

"Mais de 150 soldados do Regimento de Segurança Presidencial (RSP) chegaram de ônibus escoltados por veículos blindados ao quartel de Sangoulé Lamizana. Alguns vestidos à paisana e outros em uniforme militar", apontou o portal de notícias "Burkina 24".

O Exército reagrupou ontem suas tropas na capital e pediu aos militares rebeldes que depusessem suas armas e se entregassem nesse acampamento em troca de proteção para eles e seus familiares.

Alguns soldados da guarda presidencial, corpo de elite integrado por 1,5 mil soldados, teriam começado a se render e outros teriam fugido.

Ao mesmo tempo, o líder dos golpistas de Burkina Fasso, o general Gilbert Diendéré, afirmou em entrevista coletiva que as conversas com mediadores regionais para devolver o poder ao governo de transição seguem em andamento.

A Comunidade Econômica de Estados de África Ocidental (Cedeao), o bloco regional que está intermediando na crise, realiza hoje uma reunião extraordinária em Abuja para abordar a situação em Burkina Fasso, um de seus países-membros.

"Achamos que qualquer solução à crise virá desde ali", apontou o militar golpista em um comparecimento na sede presidencial, o Palácio de Kossyam.

O presidente do Conselho Nacional para a Democracia, a autoproclamada autoridade militar que substituiu as instituições da transição, pediu que a população permaneça tranquila até que terminem as negociações.

O militar confia que o resultado das conversas seja "frutífero" e reconheceu que a anistia dos golpistas é um dos pontos de colisão.

"Não há razão para o confronto", especificou o general.

A guarda presidencial, corpo fiel ao ex-presidente Blaise Compaoré que governou o país durante 27 anos, se voltou contra o governo de transição em 16 de setembro e tomou como reféns o presidente, Michel Kafando, e os membros de seu gabinete.

Depois que Kafando e seu primeiro-ministro, Isaac Zida, tenham sido libertados, o Exército de Burkina Fasso deu um ultimato ao conselho golpista para que abandone hoje mesmo as armas.

A junta golpista se comprometeu ontem a devolver o poder ao governo de transição após um princípio de acordo que implicaria em atrasar as eleições legislativas e presidenciais desde 11 de outubro a 22 de novembro e a eliminação do veto à candidatura de simpatizantes de Compaoré.