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Protesto contra violência policial nos EUA deixa 5 agentes mortos e 9 feridos

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UOL Notícias

Em Washington

08/07/2016 02h00Atualizada em 08/07/2016 13h15

Um intenso tiroteio em Dallas, durante um protesto contra a morte de negros por policiais, terminou com cinco policiais mortos e nove pessoas feridas, incluindo sete agentes, um episódio que o presidente Barack Obama definiu como um ataque "perverso, calculado e desprezível".

O chefe de polícia de Dallas, David Brown, disse que um franco-atirador foi morto após horas de um cerco policial. O suspeito afirmou que não pertencia a nenhum grupo organizado e pretendia "matar policiais brancos".

A polícia matou o atirador com o uso de um robô com explosivos, disse Brown, que fez um apelo por unidade. "Isto tem que acabar, esta divisão entre nossa polícia e nossos cidadãos".

O suspeito foi identificado como Micah X. Johnson, de 25 anos, segundo a imprensa local. Segundo estas primeiras informações, Johnson morava na área de Dallas, não possui antecedentes penais nem é vinculado a grupos terroristas. Johnson vivia em Mesquite, um subúrbio da cidade texana.

A explosão de violência aconteceu no momento em que a cidade era palco de um protesto contra o racismo, motivado pela morte de dois cidadãos negros em ações policiais nos Estados americanos da Louisiana e de Minnesota durante a semana.

O centro de Dallas se transformou nesta sexta-feira (8) em um gigantesco cenário de investigações de agentes, esquadrões antibombas e especialistas em balística.

De acordo com a imprensa local, o balanço do incidente é o mais grave contra as forças policiais desde os ataques de 11 de setembro de 2001.

A gravidade da situação levou os candidatos à presidência americana, Hillary Clinton e Donald Trump, a cancelar os eventos públicos previstos para esta sexta-feira.

Hillary tinha um comício previsto ao lado do vice-presidente Joe Biden na Pensilvânia. Trump discursaria em Miami.

Em Varsóvia, onde desembarcou nesta sexta-feira para participar de uma reunião de cúpula da Otan, o presidente Barack Obama denunciou um ataque "perverso, calculado e desprezível contra as forças de segurança".

"Não há uma justificativa possível a este tipo de ataques ou qualquer tipo de violência contra as forças de segurança", disse.

"Caos"

"Havia negros, brancos, latinos, de tudo. Era o protesto de uma comunidade mista. E (os tiros) vieram do nada. Ficamos com a impressão de que atiravam na nossa direção. Foi o caos total, uma coisa de loucos", disse uma testemunha.

Testemunhas publicaram vídeos e áudios na internet sobre a situação, nos quais é possível observar e escutar as rajadas de tiros e as sirenes das viaturas policiais. Outros vídeos exibidos por canais de televisão mostram um homem posicionado nas escadas de um edifício e com uma arma longa, atirando contra os agentes.

Em uma área do hospital Parkland, policiais improvisaram uma homenagem aos policiais que morreram e ficaram feridos.

Este é o mesmo hospital para o qual o então presidente John Kennedy foi levado depois de ser atingido pelos tiros que provocaram sua morte em Dallas em 1963.

Momento de união

O prefeito de Dallas, Mike Rawlings, fez um apelo de união depois de uma noite de extrema violência.

"Nós, como cidade, como país, devemos agora nos unir, fechar fileiras e curar as feridas que sofremos de tempos em tempos. As palavras ficarão para mais tarde", disse.

"É uma manhã dolorosa para a cidade de Dallas", afirmou Rawlings.

As demonstrações de indignação aumentaram ao longo da semana, primeiro com o assassinato na terça-feira de Alton Sterling, de 37 anos, atingido por tiros de policiais em um estacionamento de um centro comercial na cidade de Baton Rouge, Louisiana.

Na quinta-feira, a revolta se espalhou pelas ruas das principais cidades americanas depois da morte em Minnesota de outro cidadão negro, Philando Castile, que foi alvo de tiros da polícia dentro de seu carro, que ele havia estacionado e no qual estavam sua namorada e a filha da garota, de apenas quatro anos.

As mortes de Sterling e Castile foram filmadas por testemunhas e os vídeos mostram que eles não representavam nenhum risco evidente para os agentes que abriram fogo.