Alemão mantém Museu das Grandes Guerras no ES avaliado em R$ 1,8 milhão
É no centro da região serrana do Espírito Santo, em Afonso Cláudio (a 136 km de Vitória), que estão cerca de 3.000 objetos que fizeram parte das Grandes Guerras Mundiais. A coleção foi reunida durante 50 anos pelo alemão Rolf Hoffman, 61, que montou com ela um museu na área rural da cidade, avaliado em R$ 1,8 milhão.
Entre os itens exibidos no museu em cenários que recriam situações da guerra estão uniformes, armamento, fardas, quepes, munições, jornais, revistas, selos. Há ainda dezenas de documentários e centenas de fotos de época, além de várias réplicas.
A paixão de Hoffman pelas guerras vem da família militarista alemã. Ele diz que o tataravô lutou contra o Exército de Napoleão Bonaparte (1803 -1815). O bisavô na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). O avô lutou na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e o pai, na Segunda Guerra (1939-1945). Assim, muitos objetos foram herdados da família, enquanto o restante foi fruto de doações ou comprado ao longo de cinco décadas.
O Museu das Grandes Guerras, no entanto, não nasceu na cidade com pomeranos de pouco mais de 32 mil habitantes.
Décadas antes de trazer a coleção de objetos para o Brasil, Hoffman tentou exibi-la em um galpão na sua antiga casa, na Alemanha. Mas não conseguiu atrair a atenção de visitantes. Mudou-se para a Áustria, montou novamente o museu, então com êxito. Até em 2003, quando fez uma viagem de férias ao Brasil.
A coleção –e Hoffman– foi parar em Afonso Cláudio porque o alemão apaixonou-se, e não foi pelo país tropical. Nas férias aqui, ele conheceu a brasileira Dalva Kempin, 45. Depois de dois anos morando com ela na Áustria, Hoffman teve a ideia de se mudar para a cidade natal da mulher.
Dalva lembra que não foi fácil transportar para cá a enorme coleção (em número, tamanho e peso) das Grandes Guerras. Além da burocracia alfandegária, ela diz que parte das 7 toneladas em itens acabaram furtados.
“O Rolf trouxe tudo em um contêiner, que ficou parado no porto de Sepetiba [em Itaguaí-RJ]. Foi aberto, desovado, roubado. As melhores peças como medalhas, quepes, uniformes sumiram”, diz a mulher do colecionador.
Museu à venda
Atualmente, ela ajuda Hoffman a administrar o museu, que recebe uma média de 150 visitantes ao mês, o grande volume de visitas é de grupos escolares da região. Eles cobram R$ 9 pelo ingresso.
“A gente vive disso. Mas o Rolf anda muito desanimado e quer vender o museu para quem tenha condições de cuidar das peças. Elas precisam de tratamento, aqui não tem climatização, por exemplo”, lamenta Dalva.
Um corretor de imóveis avaliou toda a propriedade, com o museu incluso, em R$ 1,8 milhão. Apesar de estar um ano à venda, ainda não apareceram interessados. Enquanto isso, o alemão passa os dias restaurando objetos do acervo e fazendo esculturas que vende como souvenir a turistas.
“Sempre que fala nisso, ele fica muito triste. Prefere vender a ver as coisas deteriorarem. Ele é filho único, não tem mais ninguém na família para cuidar do museu.”
O museu fica em Três Pontões, zona rural de Afonso Cláudio, e abre aos sábados e domingos das 9h às 17h. Durante a semana, é necessário agendar a visita.
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