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Irã está censurando imprensa crítica ao acordo nuclear, diz agência

Manifestantes protestam contra o acordo nuclear com o Irã em Nova York, em julho - Mike Segar/Reuters
Manifestantes protestam contra o acordo nuclear com o Irã em Nova York, em julho Imagem: Mike Segar/Reuters

Sam Wilkin

Em Dubai

03/08/2015 16h20

O Conselho Supervisor de Imprensa do Irã suspendeu um jornal linha-dura e alertou dois outros veículos de mídia a não criticarem o acordo nuclear firmado no mês passado com potências mundiais - um gesto raro de um organismo mais habituado a promover o conservadorismo social.

O conselho suspendeu o "9 Dey", jornal semanal que acusou os negociadores de Teerã de ultrapassarem as linhas vermelhas impostas pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, nas negociações, e encaminhou o caso para um tribunal, relatou a agência de notícias Isna nesta segunda-feira.

Os censores ainda advertiram o "Kayhan", um influente diário conservador, e o site "Raja News", num revés para os críticos que afirmam que os negociadores iranianos fizeram concessões demais para obter o pacto histórico do dia 14 de julho.

O acordo foi tema de um intenso debate na República Islâmica, e o presidente iraniano, Hassan Rouhani, fez um discurso em cadeia nacional de televisão na noite de domingo para louvar as conquistas dos diplomatas do país.

Jornais conservadores já foram alvo do regime no passado - em fevereiro de 2014 o Conselho de Segurança do Supremo Tribunal processou um jornalista conservador do Vatan-e Emrooz por criticar a política externa de Rouhani.

Mas os censores iranianos estão mais acostumados a perseguir publicações acusadas de minar os rígidos códigos religiosos do país persa.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) listou o Irã como o 7º país mais censurado do mundo em seu relatório anual de 2015, enfatizando que a situação "não melhorou com Rouhani, apesar das esperanças da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos grupos de direitos humanos".