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Trump intensifica acusações de fraude eleitoral enquanto republicanos discordam

Mike Segar/Reuters
Imagem: Mike Segar/Reuters

Doina Chiacu

Em Washington

17/10/2016 17h19

O candidato presidencial republicano Donald Trump disse nesta segunda-feira que acredita em uma fraude eleitoral generalizada na eleição de 8 de novembro nos Estados Unidos, intensificando seu alerta sobre uma eleição manipulada sem fornecer qualquer indício e apesar de numerosos estudos que mostram que o sistema eleitoral é confiável.

Trump vem tentando atiçar os temores de uma votação fraudulenta à medida que recua nas pesquisas de voto diante da rival democrata Hillary Clinton. Ele também vem negando enfaticamente as alegações feitas por diversas mulheres segundo as quais ele as agrediu sexualmente ou se comportou de maneira imprópria com elas.

"É claro que há uma fraude de votação de larga escala acontecendo durante e antes do dia da eleição. Por que os líderes republicanos negam o que está acontecendo? Tão ingênuos!", escreveu Trump no Twitter nesta segunda-feira.

O empresário de Nova York, que concorre a seu primeiro cargo público, vem preocupando vários correligionários por causa de suas alegações de fraude eleitoral. Alguns deles o exortaram a revelar publicamente as provas ou abandonar as asserções. A votação antecipada e pelo correio já começou em muitos Estados do país.

Embora o vice de chapa de Trump, Mike Pence, e sua gerente de campanha, Kellyanne Conway, venham tentando reformular os comentários do magnata dizendo que se direcionam a uma mídia noticiosa injusta, as palavras do próprio Trump estão mirando a legitimidade do sistema eleitoral.

Mesmo depois de Pence ter dito em uma entrevista à televisão no domingo que Trump irá aceitar os resultados do pleito do mês que vem, o cabeça de chapa tuitou que "a eleição certamente está sendo fraudada pela mídia desonesta e distorcida que está empurrando Hillary Trapaceira --mas também em muitos locais de votação-- TRISTE".

Trump vem buscando retratar Hillary, ex-senadora e ex-secretária de Estado dos EUA, como uma política de carreira corrupta determinada a preservar o status quo.

A campanha dele capitalizou a divulgação, nesta segunda-feira, de documentos da Polícia Federal dos EUA (FBI) que citam um funcionário do próprio FBI segundo o qual uma autoridade de alto escalão do Departamento de Estado tentou pressionar a corporação em 2015 para que parasse de insistir que um e-mail do servidor pessoal de Hillary continha informações confidenciais.

A decisão de Hillary de usar um servidor pessoal enquanto atuava como secretária de Estado entre 2009 e 2013 atraiu críticas segundo as quais ela foi descuidada com a segurança nacional.

O gerente de campanha da ex-primeira-dama, Robby Mook, disse aos repórteres que o ataque de Trump contra o sistema eleitoral é um gesto de desespero. "Ele sabe que está perdendo e está tentando pôr a culpa no sistema. Isso é o que perdedores fazem", afirmou. "Não é verdade. O sistema não está sendo manipulado".

Já o principal republicano no Congresso, o presidente da Câmara dos Deputados Paul Ryan, tentou contrariar a mensagem de Trump sobre fraude eleitoral. A porta-voz Ashlee Strong disse nesta segunda-feira que Ryan "está totalmente confiante de que os Estados irão realizar esta eleição com integridade".

No Estado tradicionalmente disputado de Ohio, a principal autoridade eleitoral, um republicano, afirmou que as preocupações sobre fraude eleitoral generalizada não são justificadas.

"Posso tranquilizar Donald Trump: eu sou responsável pelas eleições em Ohio e elas não vão ser manipuladas", disse o secretário de Estado de Ohio, Jon Husted, à CNN.