Personagens da Semana

Os donos do Brasil: Lira e Centrão

Por Guilherme Castellar, colaboração para o UOL, do Rio

Presidente da Câmara

A vitória de Arthur Lira (PP-AL) marca o retorno do Centrão ao comando do jogo político do Congresso Nacional.
Kleyton Amorim/UOL
É a maior demonstração
de força do agrupamento
de partidos desde que
Eduardo Cunha, que está
em prisão domiciliar,
liderou a Casa, de 2015
a 2016.
Adriano Machado/Reuters

No curto prazo, o resultado das eleições para o comando do Congresso é positivo para o presidente Jair Bolsonaro, pois torna mais distante um eventual impeachment e enfraquece adversários no campo político que vai da centro-direita à extrema-direita.

Mas o centrão é o maior vitorioso.

Reprodução/Twitter

Mas o que é o Centrão?

É uma união de políticos de diversas legendas, sem orientação ideológica, que gravitam em torno de benesses do governo federal. Dão sustentação a governos em troca de ministérios e outros cargos federais, além de verbas para aplicar em seus redutos eleitorais.
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

A origem

O Centrão se institucionalizou em 1987, quando o PFL (hoje DEM), parte do PMDB (hoje MDB), PDS (extinto), PTB e PL, entre outros, deram sustentação ao governo José Sarney e defenderam temas conservadores na Assembleia Constituinte.
Moreira Mariz/Folhapress

"É dando que se recebe"

Líder do Centrão na Constituinte, o deputado Roberto Cardoso Alves, explicou a união ao governo: "É dando que se recebe".
Câmara dos Deputados
Bolsonaro teria gasto R$ 3 bilhões em emendas extras a 285 deputados e senadores para assegurar a eleição no Congresso.
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Com mais ou menos força, o Centrão vem desde a redemocratização cumprindo o papel de assegurar a “governabilidade” para presidentes da esquerda à direita.

Chegou a reunir de 13 a 14 legendas; hoje conta com 11 (PP, PL, PTB, principalmente).

Em 2015, o Centrão viveu seu auge sob o comando do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB-RJ). Sentindo-se traído por Dilma Roussef (PT), cunha lidera o processo de impeachment da presidenta. Arthur Lira foi cria de Eduardo Cunha e sua gestão deve ser parecida.
Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Lira será truculento como Eduardo Cunha e simpático nas horas em que precisar de alguém.

Talis Faria,
Colunista do UOL
Divulgação
O grupo sempre teve um pé lá e outro cá - usufruindo do presidente e apostando no futuro. Por isso, é uma aliança de alto risco.
Se não se sentir prestigiado ou se cair a popularidade do governo, o bando pode pender de lado.
uol

"Se gritar pega Centrão"

Como deputado, Bolsonaro, que se elegeu com um discurso contra a “velha política” do “toma lá, dá cá”, passou por sete partidos do Centrão.

Em 2018, o general Augusto Heleno, braço direito do presidente, cantou se "gritar pega Centrão, não fica um", trocando o “ladrão” da música original.

Publicado em 06 de fevereiro de 2021.
Edição: Clarice Cardoso