Imprensa mundial volta-se para o crescimento da classe média brasileira
Os comentários sobre o crescimento da classe média brasileira tornaram-se um lugar comum na imprensa nacional e também ocupam a imprensa estrangeira.
Joe Leahy, no "Financial Times" de 20 de julho, sublinhou que, embora o crescimento econômico do Brasil tenha sido inferior ao da China e da Índia nos últimos anos, a redução das desigualdades no país foi mais rápida do que em todas as nações emergentes. No entanto, Joe Leahy notou também, seguindo a análise de Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, que a renda da nova classe média (com rendimento familiar mensal situado entre R$ 1.200 e R$ 5.174), cresceu mais rápido que a da classe média tradicional (cujo rendimento familiar é superior a R$ 5.174).
Na seqüência, Gillian Tett, editor do "Financial Times", redigiu o artigo que a revista americana "The Atlantic" incluiu no dossiê “As 14 maiores ideias do ano”, publicado em sua edição de julho/agosto. O artigo de Tett trata do assunto na escala mundial, observando que enquanto a renda familiar da classe média americana vem caindo desde 2002, ela aumenta regularmente em todos os países dos Bric (Brasil, Índia, China e Rússia). Para ele, os países emergentes criam um “choque de oferta” (de commodities, manufaturados e serviços), mas também um “choque de demanda” que vai ter impacto no modo de vida ocidental.
No número de 3 de setembro, a revista londrina "The Economist" deu um novo enfoque à questão, destacando as repercussões políticas da ascensão das novas classes médias nos países emergentes. Numa comparação ousada, a revista assimila a função modernizadora dessas novas classes médias ao papel revolucionário que Marx atribuiu à burguesia no século 19.
Deixando de lado a excentricidade da analogia entre a concepção marxista da burguesia oitocentista e as classes médias dos países emergentes, o artigo da "Economist" traz dados interessantes sobre as recentes transformações sociais nos diferentes continentes, mostrando que longe de se restringir ao Brasil, o fenômeno ocorre em muitos países.
Tomando por base a estimativa dos bancos de desenvolvimento africanos e asiáticos, que consideram pessoas recebendo entre US$ 2 e US$ 20 diários como integrantes da classe média, a revista londrina calcula que um terço dos africanos e três quartos dos latino-americanos já pertenciam a este camada social em 2008.
No plano político, o artigo traz o gráfico de uma sondagem feita em 2007 em países de diferentes continentes (Chile, Rússia, Polônia, África do Sul, Malásia, México, Brasil, Egito e Índia), mostrando que a adesão aos princípios democráticos é mais alta entre a classe média do que entre as camadas de menor renda.
Embora a "Economist" não comente este ponto específico, o Brasil não sai mal na foto, aparecendo em segundo lugar, depois do Chile, como o país com a maior porcentagem de integrantes da classe média e das camadas de menor renda que defendem a democracia.
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