Para ter mais criatividade e entusiasmo nos negócios, tire umas férias

Muita gente, especialmente no hemisfério norte, está agora de férias ou pretendendo tirá-las – este é um período no qual empresários e executivos podem achar particularmente difícil desligar os seus Blackberries e manter um equilíbrio entre o trabalho e o lazer. E isso é de fato difícil: nos dias de hoje, os negócios têm abrangência global e um ritmo muito acelerado, e o indivíduo pode ser contatado a qualquer momento por colegas e clientes, o que significa que ele precisa estar sempre de olho nos últimos acontecimentos relativos à sua companhia. Em tal ambiente, as decisões são muitas vezes tomadas de maneira excessivamente rápida, por pessoas que estão cansadas demais para tomarem as melhores decisões – uma situação que, com o passar do tempo, inibirá o crescimento dos negócios e reduzirá as suas chances de sucesso.

Quando eu me encontroo com grupos de colegas ou empresários, à vezes me pergunto como eles estruturariam as suas horas de trabalho diferentemente se tivessem escolha. Eles gostariam de dividir um trabalho com outros, tirar mais folgas ou trabalhar de uma maneira mais flexível?

A maioria das pessoas reluta em dizer o que pensam sobre isso, não importa qual seja a situação, por temerem que os seus patrões achem que elas são preguiçosas ou que não têm motivação. Embora muita gente tenha vontade de modificar o seu horário de trabalho, apenas um em cada cinco executivos fornece imediata e voluntariamente tal informação. Mas quando eu continuo fazendo perguntas, geralmente descubro que mais da metade do grupo entrevistado deseja que a companhia seja mais flexível quanto à estrutura do dia de trabalho.

É importante enfrentar esse problema, quer se esteja criando um negócio ou gerenciando uma companhia já estabelecida, já que manter a equipe motivada e feliz é um fator chave para o sucesso da companhia. Segundo a minha experiência e a do nosso grupo no decorrer dos anos, tirar uma folga e garantir que os nossos funcionários e colegas possam também fazer o mesmo – e, melhor ainda, que eles tenham um tempo para se dedicar aos seus interesses externos – nos ajuda a reter os membros mais valiosos da nossa equipe, e eles serão mais criativos e inovadores, apresentando de forma geral melhores resultados. Portanto, pergunte aos seus funcionários qual é a melhor forma de ajudá-los a alcançar as suas metas tanto no trabalho quanto em casa.

Alguns funcionários podem ser candidatos à divisão do trabalho com outros, uma alternativa que ajudará o patrão a reter os funcionários qualificados mais velhos e outros que não podem trabalhar em regime de tempo integral – por exemplo, aqueles que acabaram de ter um filho ou os que têm que cuidar de familiares doentes ou idosos. Esta solução pode criar empregos já que há muita gente trabalhando em regime de tempo integral que reduziria voluntariamente as suas horas de trabalho se tivesse oportunidade, e muita gente desempregada que assumiria empregos de meio expediente se estes estivessem disponíveis.

Gerentes mais antigos, em particular, podem ter dificuldade em aceitar que os seus colegas façam arranjos no sentido de dividir o trabalho, por temerem que esses executivos venham a perder o contato com os desenvolvimentos nas suas áreas e não aprendam coisas importantes. Mas são poucos os trabalhos que não podem ser compartilhados entre duas ou mais pessoas. Na verdade, esses medos refletem a realidade de que muitos executivos estão sobrecarregados; e de que as companhias frequentemente delegam muita responsabilidade a um só cargo. Ao introduzir o compartilhamento do trabalho – e, francamente, ao delegar melhor a carga de trabalho – a companhia poderá ter a certeza de que o conhecimento e a experiência serão mais distribuídos, e que as decisões serão tomadas por aqueles que se encontram na melhor posição para tomá-las.

É também importante observar bem as políticas da nossa companhia no que se refere a feriados e férias remuneradas. Infelizmente, em alguns países, especialmente nos Estados Unidos, as companhias não dão aos seus funcionários tempo suficiente para que estes relaxem e recarreguem as baterias. As férias tradicionais de duas semanas simplesmente não são suficientes; essa atitude de desencorajar os funcionários a tirar férias estimula as faltas ao trabalho e a insatisfação. Na Europa, a maior parte das empresas entende melhor aquilo que é apropriado e o que surtirá mais resultados tanto para o funcionário quanto para o empregador.

Os patrões devem se lembrar de que a sua generosidade terá retorno! Sempre existe espaço para acomodar as necessidades dos funcionários. Se o dinheiro está apertado porque o empresário está administrando uma empresa nova ou o seu negócio se encontra nos estágios iniciais, ele poderá oferecer férias mais longas em troca de salários menores. Em companhias maiores e mais consolidadas, funcionários antigos deveriam contar com a opção de tirar uma licença ou uma folga não remunerada – o que quer que seja necessário para recarregar as suas baterias.

Finalmente, assim que o empregador tiver montado uma equipe de confiança, ele não deve ter medo de deixar que as pessoas trabalhem de vez em quando nas suas próprias casas. Muita gente descobre que os funcionários produzem mais assim, já que eles não precisam mais se locomover até o escritório e podem usar a tranquilidade do escritório doméstico para se concentrar em determinado projeto (eu tenho a sorte de poder nadar em volta da Ilha Necker, a minha residência nas Ilhas Virgens Britânicas, quase todas as manhãs; ao se ver livre do trajeto diário até o trabalho, o trabalhador poderá usar o tempo extra disponível para frequentar uma academia de ginástica).

Pedir que a sua equipe e você próprio tirem férias e reservem mais tempo para a família e outros interesses pode parecer uma ideia sem sentido neste nosso mundo em que tudo é acelerado. Mas pense nisso como tomar conta do maior patrimônio da sua companhia: os seus empregados. Se o empresário identificar as necessidades deles e encontrar soluções, ele terá um enorme retorno em termos de criatividade, entusiasmo e trabalho de equipe – e, no fim das contas, de sucesso do seu negócio.