Clique Ciência: Quantos animais já foram declarados extintos no Brasil?
Colaboração para o UOL
18/07/2017 04h00
Um animal é declarado extinto quando não existe mais qualquer dúvida de que o último indivíduo da sua espécie tenha morrido. No Brasil, apenas dez espécies se encaixam na classificação --sete são pássaros--, de acordo com um levantamento feito entre 2010 e 2014 pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) que avaliou mais de 12 mil espécies brasileiras.
O veredicto é dado se os pesquisadores não conseguirem avistar ou gravar o animal após exaustivas buscas em locais onde ele vivia e em diferentes momentos (diurnos, sazonais, anuais). A procura varia de acordo com o tempo de vida de cada espécie.
Quem dita essas regras é uma entidade internacional chamada IUCN (International Union for Conservation of Nature) que publica a Red List, ou lista vermelha em português, um compilado de animais e plantas de todo o mundo ameaçados de extinção ou já extintos. O órgão só registra extinções que aconteceram de 1500 a.C para frente.
Para entrar no compilado, um comitê avalia, além dos resultados das buscas, dados de população, área de ocupação, redução do número de indivíduos, entre outras especificações. Mas pode levar meses ou anos até que o animal entre na lista.
Para se ter uma ideia, alguns animais foram pré-avaliados como "possivelmente extinto" pela primeira vez em 2008, mas ainda não foram declarados oficialmente extintos.
O comitê ainda faz algumas subdivisões dentro da classificação “extinto”. Quando uma espécie foi extinta em uma região em que habitava, por exemplo, mas ainda existe em outras regiões do mundo, é classificada como “regionalmente extinta”. Quando a espécie só é encontrada em cativeiro, como o pássaro Mutum-do-Nordeste no Brasil, entra no grupo dos “extintos na natureza”.
Veja quais são os animais extintos no Brasil, de acordo com o levantamento feito pelo Instituto Chico Mendes com base nas regras estipuladas pela IUCN:
Fontes consultadas: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e IUCN
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Perereca-verde-de-fímbria (Phrynomedusa fimbriata): extinta
A espécie habitava a região do "Alto da Serra", em Paranapiacaba, distrito do município de Santo André (SP), em regiões com mais de 1.000 metros de altura. Foi vista pela última vez em 1923 e não há uma explicação definida para a sua extinção. Não há registros fotográficos da perereca-verde-de-fímbria
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Imagem: Reprodução/IUCN Imagem: Reprodução/IUCN Maçarico-esquimó (Numenius borealis): regionalmente extinta
O pássaro, que chegava a medir até 34cm, não é visto desde 1963 e desde 1994 estava na lista como "possivelmente extinto". Habitava regiões do sul do Brasil, mas sua rota de migração incluía Canadá, Caribe, Chile e Uruguai.
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Gritador do Nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti): extinta
O pássaro foi encontrado pela última vez em 2007, na reserva de Murici (AL). Além do local, a espécie habitava Frei Caneca (PE), em alturas de aproximadamente 500 metros. Uma das principais causas da extinção foi a destruição da Mata Atlântica da região para fins agropecuários. Em menos de 30 anos, a floresta na área de Murici foi reduzida de 70 km² para 30km².
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Imagem: Ciro Albano/WikiAves Imagem: Ciro Albano/WikiAves Limpa-folha do Nordeste (Philydor novaesi): extinta
Assim como o Cichlocolaptes mazarbarnetti, a espécie habitava a área da reserva de Murici (AL) e Frei Caneca (PE). A última espécie foi vista em 2011 e a destruição da mata da região também foi apontada como a principal causa para a extinção.
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Imagem: Alejandro Olmos/WikiAves Imagem: Alejandro Olmos/WikiAves Peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii): regionalmente extinta
Os impactos do desmatamento nas regiões onde era encontrado fizeram com que o pássaro fosse classificado como regionalmente extinto. Habitava a Argentina, Uruguai e áreas do Rio Grande do Sul (em menor quantidade).
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Imagem: Reprodução/IUCN Imagem: Reprodução/IUCN Arara-azul pequena (Anodorhynchus glaucus): regionalmente extinta
Esta espécie foi registrada pela última vez na década de 1960 e é provável que tenha diminuído severamente como resultado da caça e da armadilha, além da degradação e destruição do habitat. Habitava o norte da Argentina, sul do Paraguai e sul do Paraná.
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Caburé de Pernambuco (Glaucidium mooreorum): extinta
Desde 2004 nenhuma espécie foi encontrada. Suas últimas aparições foram em florestas na região de Pernambuco e Alagoas. Assim como as demais espécies, o desmatamento é apontado como principal fator para a extinção do pássaro.
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Imagem: SEFSC Pascagoula Laboratory Imagem: SEFSC Pascagoula Laboratory Tubarão dente-liso (Carcharhinus isodon): regionalmente extinta
O tubarão vivia próximo à costa do Oceano Atlântico nos EUA, no México e nos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A pesca predatória pode ter sido a causa da extinção.
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Imagem: ElasmoLab Imagem: ElasmoLab Tubarão-lagarto (Schroederichthys bivius): regionalmente extinta
O tubarão vivia em áreas costeiras da América do Sul, começando pelo sudeste brasileiro e indo até o norte do Chile. O último indivíduo da espécie foi visto por volta de 1988 tendo como principal causa de sua extinção o aumento da pesca e a presença de navios petroleiros nos locais onde vivia.
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Rato de Fernando de Noronha (Noronhomys vespuccii): extinta
A espécie de roedor semiaquático é conhecida apenas por fósseis. A estimativa é de que ela viveu até 1500 d.C e depois foi extinta. Seu habitat natural era a Ilha de Fernando de Noronha (PE). A causa mais próxima da extinção do roedor foi provavelmente a introdução da espécie exótica Rattus rattus, que chegou à ilha no século 16 junto com as embarcações europeias.