Falta de pesquisa no Brasil compromete avaliação do IPCC sobre a região
Os problemas de saúde pública que o Brasil poderá enfrentar em conseqüência do aquecimento global não são abordados na segunda parte do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU, e a culpa é da falta de estudos brasileiros sobre o tema.
Segundo membros do painel ouvidos pela BBC Brasil, o documento de conclusões, que será apresentado nesta sexta-feira em Bruxelas, não tem nenhum resultado de pesquisas feitas no Brasil no capítulo relativo à saúde, apesar de o país ser considerado um dos mais vulneráveis aos efeitos das mudanças no clima.
"O Brasil tem um território e uma população enormes, e uma desigualdade social muito grande. Tudo isso enquadra a população brasileira na definição do IPCC, que considera mais vulneráveis as populações que não têm meio de se adaptar às mudanças, essas populações de baixa renda", explica o médico brasileiro Ulisses Confalonieri, coordenador do capítulo dedicado à saúde humana.
"Entretanto, as conclusões falam sobre alergia e a doença da língua azul no gado, que são todas de incidência na Europa."
O relatório também faz projeções globais sobre dengue e malária, "mas não são muito úteis para a situação brasileira, porque não levam em conta as especificidades regionais ou a capacidade do país de controlar a doença", avalia Confalonieri.
De acordo com o médico, um dos maiores problemas causados pela mudança ambiental para o Brasil será a diarréia. O número de casos poderá subir drasticamente em decorrência do aumento da seca e da falta de água, principalmente no Nordeste do país.
Falta de dados
Os cientistas envolvidos no painel afirmam que a ausência dos problemas brasileiros no documento da ONU não é fruto de negligência, mas da falta de dados para serem analisados.
"O IPCC não faz pesquisas. É uma reunião de cientistas que discutem resultados já existentes. O problema é que a maioria das pesquisas na área de saúde são feitas no hemisfério norte, pelos países que têm mais recursos", diz Confalonieri.
"Só agora estão começando a aparecer estudos específicos na América do Sul".
A brasileira Thelma Krug, membro do conselho do IPCC, também reclama que alguns países não dispõem de dados científicos sobre temas importantes.
"Precisamos desses dados para poder fazer as projeções dos impactos da mudança climática. Este é um grande problema, até para podermos expandir os resultados para todas as regiões", explica.
"Os governos revisam os resultados (do relatório) do IPCC. E quando não acreditam que os dados expostos são suficientes, não aceitam que determinada conclusão seja incorporada no documento. Então, os relatórios do IPCC refletem exatamente aquilo que todos os países, indistintamente, se sentem confortáveis para revelar".
Segundo membros do painel ouvidos pela BBC Brasil, o documento de conclusões, que será apresentado nesta sexta-feira em Bruxelas, não tem nenhum resultado de pesquisas feitas no Brasil no capítulo relativo à saúde, apesar de o país ser considerado um dos mais vulneráveis aos efeitos das mudanças no clima.
"O Brasil tem um território e uma população enormes, e uma desigualdade social muito grande. Tudo isso enquadra a população brasileira na definição do IPCC, que considera mais vulneráveis as populações que não têm meio de se adaptar às mudanças, essas populações de baixa renda", explica o médico brasileiro Ulisses Confalonieri, coordenador do capítulo dedicado à saúde humana.
"Entretanto, as conclusões falam sobre alergia e a doença da língua azul no gado, que são todas de incidência na Europa."
O relatório também faz projeções globais sobre dengue e malária, "mas não são muito úteis para a situação brasileira, porque não levam em conta as especificidades regionais ou a capacidade do país de controlar a doença", avalia Confalonieri.
De acordo com o médico, um dos maiores problemas causados pela mudança ambiental para o Brasil será a diarréia. O número de casos poderá subir drasticamente em decorrência do aumento da seca e da falta de água, principalmente no Nordeste do país.
Falta de dados
Os cientistas envolvidos no painel afirmam que a ausência dos problemas brasileiros no documento da ONU não é fruto de negligência, mas da falta de dados para serem analisados.
"O IPCC não faz pesquisas. É uma reunião de cientistas que discutem resultados já existentes. O problema é que a maioria das pesquisas na área de saúde são feitas no hemisfério norte, pelos países que têm mais recursos", diz Confalonieri.
"Só agora estão começando a aparecer estudos específicos na América do Sul".
A brasileira Thelma Krug, membro do conselho do IPCC, também reclama que alguns países não dispõem de dados científicos sobre temas importantes.
"Precisamos desses dados para poder fazer as projeções dos impactos da mudança climática. Este é um grande problema, até para podermos expandir os resultados para todas as regiões", explica.
"Os governos revisam os resultados (do relatório) do IPCC. E quando não acreditam que os dados expostos são suficientes, não aceitam que determinada conclusão seja incorporada no documento. Então, os relatórios do IPCC refletem exatamente aquilo que todos os países, indistintamente, se sentem confortáveis para revelar".