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Cientistas criam espermatozóides a partir da medula

13/04/2007 10h57

Cientistas da Alemanha anunciaram ter conseguido produzir espermatozóides não maduros a partir de amostras de medula óssea humana.

Os pesquisadores das Universidades de Göttingen e de Münster, e da Escola de Medicina de Hannover, isolaram células-tronco tiradas de voluntários adultos.

Ao apresentar o trabalho, publicado na revista Gamete Biology: Emerging Frontiers on Fertility and Contraceptive Development, eles dizem que se conseguirem fazer com que os espermatozóides se desenvolvam e atinjam a maturidade, a descoberta pode ajudar no tratamento da infertilidade.

Mas outros especialistas em fertilidade alertam que os dados do estudo precisam ser analisados com cautela neste estágio inicial.

Mais anos

Normalmente, as células-tronco originárias da medula óssea se transformam em diferentes tipos de células no tecido muscular.

Mas os pesquisadores induziram um pequeno número delas a se desenvolverem como espermatogônios, que são células presentes nos testículos e que são precursoras dos espermatozóides.

É primeira vez que se produz artificialmente espermatogônios humanos desta maneira.

O líder da pesquisa, Karim Nayernia, disse esperar que a descoberta possa um dia ajudar a tratar jovens homens que perderam a fertilidade por causa de quimioterapia.

"Nosso próximo objetivo é ver se conseguimos fazer com que esses espermatogônios amadureçam e se transformem em espermatozóides no laboratório", afirmou. "Serão necessários de três a cinco anos de experiência para isso."

Proibição

No entanto, países como a Grã-Bretanha estão aprovando leis que proíbem o uso de espermatozóides e óvulos artificiais em tratamentos para a fertilidade.

Nayernia reconhece que isso pode ser um obstáculo para o desenvolvimento de sua pesquisa.

Já o professor Harry Moore, do Centro de Biologia em Células-Tronco da Universidade de Sheffield, na Grã-Bretanha, diz que a análise dos resultados obtidos na Alemanha precisa ser cautelosa.

Segundo ele, praticamente todas as observações de transdiferenciação - processo de transformação de células pré-musculares em unidades pré-reprodutivas - não foram confirmadas em testes mais rigorosos.

"Esta é uma área onde as mudanças ocorrem muito rapidamente, mas ainda estamos longe de desenvolver tratamentos contra a infertilidade usando esse tipo de técnica", afirmou.

Moore também alerta que a manipulação das células-tronco para que se transformem em espermatozóides maduros pode provocar mudanças genéticas permanentes, o que afetaria a "segurança" dessas células.