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Médicos descobrem feto de irmão gêmeo dentro do corpo de adolescente

Na imagem à esquerda, tomografia mostra região intra-abdominal de jovem de 15 anos com massa no interior. A flecha indica a coluna vertebral do feto. Na imagem à direita, a massa localizada na região do abdome e da pelvis tem destacados os vasos arteriais que a alimentavam - BMJ Publishing Group Ltd
Na imagem à esquerda, tomografia mostra região intra-abdominal de jovem de 15 anos com massa no interior. A flecha indica a coluna vertebral do feto. Na imagem à direita, a massa localizada na região do abdome e da pelvis tem destacados os vasos arteriais que a alimentavam Imagem: BMJ Publishing Group Ltd

Do UOL, em São Paulo

08/01/2018 04h00

Médicos de um hospital na Malásia descobriram um feto dentro do abdome de um adolescente de 15 anos. O feto é o irmão gêmeo do adolescente, que sofreu uma má formação durante a concepção. A anomalia é conhecida como fetus in fetu ou "bebê parasita". É como se o hospedeiro e o feto fossem gêmeos siameses, só que um deles se desenvolveu dentro do corpo do outro.

"Fetus in fetu é um caso raro em que o feto mal formado cresce dentro do corpo do seu irmão gêmeo. É mais comum que isso ocorra no abdome", diz artigo sobre o caso do hospital na Malásia publicado no British Medical Journal. O feto encontrado no jovem foi retirado, e o paciente se recupera bem, dizem os pesquisadores no estudo.

De acordo com a equipe liderada por Rashide Yaacob, do departamento de cirurgia geral do hospital Sultan Abdul Halim, na cidade malasiana de Sungai Petani, o garoto apresentava uma massa na região do abdome desde a infância que passou a crescer e causar dores.

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Exames realizados no hospital revelaram uma enorme massa, medindo 18,5 cm de largura e 23,8 cm de comprimento, se estendendo entre a pelve e a região sub-hepática do adolescente. O feto identificado possuía crânio, coluna vertebral e outros ossos, além de artérias, cabelo, genitália masculina, olhos e pele. Todos esses tecidos possuíam má formação. Ele não possuía boca e não havia cordão umbilical ou placenta.

O feto, de 1,6 kg, foi extraído através de cirurgia. Após a operação, os médicos acompanharam a recuperação do adolescente no hospital. A má formação foi identificada como um bebê, e não como um teratoma (tipo de tumor que pode conter vários tipos de tecidos do corpo) devido à presença de coluna vertebral. O feto foi entregue à família, que realizou um ritual funerário. 

"Fetus in fetu é uma patologia incomum, com incidência de 1 a cada 500.000 nascimentos", dizem os pesquisadores no artigo. Segundo o estudo, a má formação pode ocorrer quando um gêmeo monozigótico (idêntico ao irmão) se incorpora ao corpo do hospedeiro devido a uma falha na divisão dos zigotos. Dessa forma, o feto parasita se atrofia e passa a depender completamente do irmão.

A forma mais comum de ocorrência de fetus in fetu é como uma protuberância no abdome. Contudo, o bebê parasita pode se alojar em outras partes do corpo do hospedeiro, como a cabeça, a boca, o sacro e escroto. O diagnóstico pode ser feito através de raio-X, ultrasom, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Há casos em que a anomalia é identificada em exames pré-natais, durante a gravidez.