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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com Alckmin, Lula atrapalha estratégia de Bolsonaro e invade a terceira via

Colunista do UOL

07/03/2022 18h56

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Na definição de Aparício Torelly, o Barão de Itararé, "o político brasileiro é um sujeito que vive às claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas." Lula foi além: incluiu chuchu na sua omelete.

Recém-saído do PSDB, Geraldo Alckmin acertou nesta segunda-feira detalhes de sua filiação no PSB. Reuniu-se com o presidente da legenda, Carlos Siqueira. O ex-tucano deu um salto da suposta social-democracia para o hipotético socialismo com o objetivo de tornar-se candidato a vice na chapa do pseudo-esquerdista Lula.

A campanha dos sonhos de Bolsonaro é um embate de segundo turno entre a sua direita e a esquerda de Lula. Acorrentado à centro-direita simbolizada por Alckmin, o pajé do PT atrapalha a estratégia do capitão. Os náufragos da via alternativa sonham com o milagre da candidatura única, capaz de retirar Bolsonaro do segundo turno. Com Alckmin no banco do carona, o líder da primeira pista como que invade a terceira via.

Dias atrás, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse numa entrevista que a turma do mercado financeiro já excluiu dos seus preços "o risco da passagem" do governo Bolsonaro para uma eventual gestão Lula. O alegado receio de uma guinada à esquerda desaparece à medida que Lula se move para uma região que Campos Neto chamou de "centro."

Bolsonaro coleciona frases de Alckmin para usar na campanha. Numa delas, de 2018, o ex-tucano declarou: os petistas "jamais terão o meu apoio para voltar à cena do crime." O problema é que, quando esfregar a contradição na cara dos rivais, Bolsonaro terá de explicar porque está filiado ao PL de Valdemar Costa Neto, o ex-presidiário do mensalão petista.

Para qualquer lado que o eleitor olhe, vai ter sempre a sensação de que em política nada se cria, nada se transforma, tudo se corrompe.