É de 2017 vídeo em que chefe da PRF de SC fala em 'aparelhamento político'
Márcio Padrão
Colaboração para o UOL, em São Paulo
15/04/2024 16h32
É de 2017 um vídeo que voltou a circular nas redes sociais em que o então superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Santa Catarina diz que renunciou ao posto por causa de "aparelhamento político".
Sem este contexto, o vídeo foi recentemente postado em diversas contas no Instagram, Facebook, X (antigo Twitter) e Kwai, parecendo se tratar de algo recente.
O UOL Confere considera distorcido todos os conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.
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O que diz o post
Nos post do Facebook e Instagram, de abril de 2024, o vídeo é acompanhado de chamadas em texto como estas: "PARABÉNS AO SUPERINTENDENTE DA PRF, DO ESTADO DE SANTA CATARINA. QUE OUTROS POSSAM TER A MESMA DIREÇÃO. ⛔️VEJAM E COMPARTILHEM MUITO. " e "O povo de santa Catarina é incrivelmente espetacular Homem de fibra é caráter é outra coosa."
O vídeo, com pouco mais de um minuto de duração, apresenta o diálogo abaixo com a gravação da entrevista de Fabrício Colombo, então superintendente da PRF de Santa Catarina.
Repórter: "Superintendente, pelo qual motivo se deve à sua saída da superintendência em Santa Catarina?"
Fabrício Colombo: "Olha, a Polícia Rodoviária Federal sofreu uma alteração nacional na substituição de sua direção e eu entendi pelo novo projeto que não deveria participar. Nós estamos sofrendo um aparelhamento político e institucional, nós temos substituições sendo feitas com parentes de políticos em algumas superintendências e eu achei que não deveria emprestar o meu trabalho a esse tipo de sistema. Eu estou me retirando da função e retornando à minha atividade usual de policial rodoviário federal."
Repórter: "Aqui o senhor foi procurado por bancadas, por políticos?"
Fabrício Colombo: "Todo gestor federal, com a mudança do governo em Brasília, foi procurado por alguma bancada ou por alguma gestão política. Eu optei por não misturar polícia com política. Eu acho que a polícia é um órgão de estado e não de governo, pouco importa qual o governo, né? Como a polícia deve trabalhar para o estado, e não para os governos, eu optei por solicitar a minha exoneração."
Por que é distorcido?
Colombo deixou o cargo em 2017. Por meio de uma busca no Google com o termo "superintendente da PRF deixa cargo" (aqui), encontramos como primeiro resultado uma notícia publicada em 5 de maio de 2017 pelo portal NSC Total (aqui) com a história do pedido de exoneração do então Superintendente da PRF de Santa Catarina, Fabrício Colombo. A foto de Colombo que ilustra o texto sugere que é ele que aparece no vídeo que circula atualmente.
Vídeo original também é de 2017. Em nova busca no Google, desta vez usando o termo "superintendente da PRF" filtrando apenas resultados publicados em maio de 2017 (aqui), encontramos outra notícia do portal g1 sobre o caso de Colombo (aqui) e, mais abaixo dentre os resultados da busca no Google, achamos ainda a fonte do vídeo original. Trata-se de postagem no perfil do Facebook Repórter Sérgio Guimarães, em 5 de maio de 2017 (aqui), mesma data das notícias do NSC Total e g1 sobre o caso.
Por que Colombo deixou a superintendência da PRF-SC em 2017?
Temer era o presidente. Segundo o texto do NSC Total, ele disse que estava descontente com as mudanças nos cargos federais realizadas pelo Planalto —na época, o presidente era Michel Temer— e que ocorreriam em troca de votos para a aprovação da Reforma da Previdência. Admar Luciano Filho assumiu a superintendência da PRF-SC interinamente.
Trocas em outros estados. A notícia de 2017 também menciona que estava havendo mudanças nas superintendências da PRF de outros estados, como Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Mato Grosso.
Viralização. Até esta segunda-feira (15), um dos vídeos do Instagram encontrados com a distorção do caso tinha mais de 2.000 reproduções.
Este conteúdo também foi checado por AFP Checamos (aqui) e pela Agência Lupa em julho de 2022 (aqui).
Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.