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É falso que primeira-ministra mandou muçulmanos deixarem a Austrália

10.abr.2025 - Texto é falsamente atribuído a Julia Gillard, ex-primeira-ministra da Austrália - Arte/UOL Confere sobre reprodução/Instagram 10.abr.2025 - Texto é falsamente atribuído a Julia Gillard, ex-primeira-ministra da Austrália - Arte/UOL Confere sobre reprodução/Instagram
10.abr.2025 - Texto é falsamente atribuído a Julia Gillard, ex-primeira-ministra da Austrália Imagem: Arte/UOL Confere sobre reprodução/Instagram

Nathália Moreira

Do UOL, em São Paulo

10/04/2025 19h12

É falso que a primeira-ministra da Austrália, Julia Gillard, tenha afirmado que os muçulmanos "foram convidados a deixar" o país até quarta-feira, ao contrário do que afirma texto que circula no WhatsApp e nas redes sociais.

Não há nenhum registro de que Gillard tenha feito tais declarações. Além disso, ela não é primeira-ministra da Austrália desde 2013.

O pedido de checagem foi enviado ao UOL Confere, pelo número de WhatsApp (11) 97684-6049.

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O que diz o post

Publicação em rede social afirma que a ex-primeira-ministra disse que "os muçulmanos que exigem a lei Sharia foram convidados a deixar a Austrália até quarta-feira, pois a Austrália considera os muçulmanos fanáticos como terroristas." Segundo o texto desinformativo, ela também teria declarado: "Todas as mesquitas serão registradas e os muçulmanos cooperarão conosco neste processo." E completado: "Nós falamos inglês aqui, não árabe, urdu ou qualquer outra língua islâmica." O conteúdo tem circulado recentemente no WhatsApp e foi postado este mês em perfis no Facebook.

Por que é falso

Não há evidência de que Julia Gillard tenha feito a declaração. Uma procura nas redes sócias da ex-primeira-ministra não localizou nenhuma fala similar a essa (aqui, aqui e aqui). Uma busca no Google pelo nome dela e o termo "muçulmanos" e "muslims" (muçulmanos, em inglês) também não trouxe nenhum resultado de que a australiana tenha dado a declaração (aqui e aqui, em inglês)

Desinformação é antiga. O texto desinformativo circula pelo menos desde 2020, quando foi checada pela Reuters (aqui, em inglês). Em 2023, Lupa (aqui) e o Boatos.org (aqui) também desmentiram a informação.

Gillard não é primeira-ministra desde 2013. Ela tomou posso do cargo em 14 de setembro de 2010 (aqui) e deixou o posto em 2013 (aqui).

Texto desinformativo é baseado em artigo publicado nos EUA. Segundo checagem do site norte-americano Snopes (aqui), o texto falsamente atribuído a Gillard foi baseado em um artigo escrito por um militar veterano chamado Barry Loudermilk, em um jornal da Georgia, nos Estados Unidos, no contexto dos ataques às Torres Gêmeas, em Nova York, em 11 de setembro de 2001 (aqui).

Gillard defendeu a imigração na Austrália. A Reuters localizou um discurso de 2012 em que a então primeira-ministra relembra que ela mesma é uma imigrante, tendo nascida no Reino Unido. "É isso que a migração é: um ato de construção de nação. E o multiculturalismo é como fazemos isso funcionar. Multiculturalismo não é apenas a capacidade de manter nossas diversas origens e culturas. É o ponto de encontro de direitos e responsabilidades. Onde o direito de manter os próprios costumes, língua e religião é equilibrado por uma responsabilidade igual de aprender inglês, encontrar trabalho, respeitar nossa cultura e herança e aceitar as mulheres como iguais", disse ela (aqui, em inglês)

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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