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Após confessar crime, acusado de matar cartunista passa por exame de corpo de delito em Foz do Iguaçu (PR)

Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e de seu filho Raoni, é visto em uma cela na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR) - Christian Rizzi/Gazeta do Povo/AE
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e de seu filho Raoni, é visto em uma cela na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR) Imagem: Christian Rizzi/Gazeta do Povo/AE

Do UOL Notícias<br> Em São Paulo

15/03/2010 11h46

O estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, 24, assassino confesso do cartunista Glauco Villas Boas, 53, e seu filho Raoni, 25, na madrugada da sexta-feira (12) em Osasco (Grande São Paulo), foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) de Foz do Iguaçu (PR) por volta de 11h30 desta segunda-feira (15), onde passa por exame de corpo de delito, psicológico e toxicológico.

Ele foi preso em flagrante por volta das 23h da noite de ontem quando tentava fugir para o Paraguai pela ponte da Amizade usando um carro roubado em São Paulo. Ao ser abordado pelos policiais rodoviários federais, ele atirou. Durante a troca de tiros, Cadu atingiu um policial no braço. O agente não corre risco, mas passará por uma cirurgia para remoção da bala na tarde de hoje.

Com ele, a polícia encontrou uma pistola, supostamente a mesma usada para matar o cartunista e o filho dele, e pequena quantidade de maconha. Ele não possui porte de arma.

De acordo com a PF, o estudante ficou três dias escondido em mata na região de São Paulo planejando a fuga. Em depoimento ao delegado José Alberto de Freitas Iegas, ele confessou o crime. Cadu foi autuado por homicídio e tentativa de homicídio --pelo crime contra o cartunista e seu filho e contra o policial federal.

Segundo a assessoria de imprensa da corporação, ele não aparentava estar sob efeito de drogas ou delirando, pelo contrário, estava lúcido. Cadu está sendo mantido em cela individual na delegacia da PF até que a PF em Foz do Iguaçu receba autorização judicial para transferi-lo para São Paulo, onde o crime aconteceu. Não há previsão para que isso aconteça.

O mais provável, conforme explicou o delegado, é que ele seja transferido da sede da PF para uma delegacia de Foz do Iguaçu. 

Depoimentos
Felipe Iasi, 23, que levou Cadu até a casa do Glauco no dia do crime, foi liberado ontem após ser ouvido pela polícia por cerca de 5 horas. Segundo a polícia, ele tem bons antecedentes e residência fixa. No entanto, o delegado Veras Júnior disse que o depoimento de Iasi não convenceu totalmente.

Iasi disse que foi sequestrado por Cadu e ameaçado com uma arma para ir até o local do crime. Cadu teria dito, segundo o amigo, que "precisava esclarecer que era Jesus Cristo". Conforme o advogado de Iasi, ele não chegou a ouvir os disparos, pois deixou o local antes.

Caso
O cartunista Glauco e seu filho Raoni foram mortos a tiros na casa do cartunista, em Osasco (Grande São Paulo), na madrugada de sexta-feira (12). Segundo testemunhas, o assassino confesso chegou ao local e rendeu a enteada de Glauco, que mora em uma casa no mesmo terreno.

O cartunista e a mulher Bia ouviram gritos, foram ao quintal, e começaram a conversar com Cadu.

Ele era conhecido da família por já ter frequentado a igreja Céu de Maria, que segue os princípios do Santo Daime e foi fundada por Glauco.

Segundo o relato das testemunhas, Cadu delirava e queria levar todos para a casa de sua mãe, em São Paulo, com o objetivo de afirmarem à mulher que ele era Jesus Cristo. Ele estava armado com uma pistola automática e uma faca.

Glauco tentou negociar com Cadu para ir sozinho, e chegou a ser agredido. De acordo com o delegado Archimedes, Glauco não reagiu.

No meio da discussão, porém, Raoni chegou ao local de carro. Em seguida, Cadu atirou contra pai e filho, mas os motivos ainda não foram esclarecidos. Os dois chegaram a ser atendidos no hospital, mas não resistiram e morreram.