Médico que foi preso acusado de pedofilia é contratado em posto de saúde de Goiânia
O médico endocrinologista Antônio Claret de Lima, 56, que chegou a ficar preso durante cinco meses em 2007 por acusação de pedofilia, trabalha normalmente num posto de saúde de Goiânia. A denúncia foi feita na manhã desta terça-feira (18) no plenário da Câmara Municipal, ironicamente no Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
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A denúncia foi apresentada pelo vereador Elias Vaz (PSOL), que distribuiu cópia do Diário Oficial do Município do dia 7 de maio de 2010. Nele consta a nomeação de Claret para o cargo de médico. O contrato tem duração de um ano. Desde então, segundo o vereador, o endocrinologista trabalha no Centro de Assistência Integral à Saúde (CAIS) do Jardim Guanabara, bairro na região Norte de Goiânia.
Segundo o vereador que apresentou a denúncia, uma enfermeira do posto de saúde foi designada para acompanhar o médico, “para que ele não fizesse nada de errado”. “Isso é um absurdo”, disse Elias Vaz. O parlamentar adiantou que conversou informalmente com um promotor do Ministério Público, que deve pedir explicações à prefeitura, e que o caso já foi encaminhado para a presidência da CPI da Pedofilia da Assembleia Legislativa de Goiás.
Sob manifestações revoltadas dos demais parlamentares, o vereador Iram Saraiva (PMDB) informou ter entrado em contato com o prefeito Paulo Garcia, que alegou não saber da nomeação. Iram é líder do prefeito na Câmara.
A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde informou que o caso está sendo avaliado, mas que só no fim da tarde será anunciado o posicionamento oficial. Juliano Cabral, um dos assessores, adiantou que a nomeação do médico obedeceu às exigências legais, já que Antônio Claret não teve o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) cassado, ainda não foi condenado pela Justiça e nem responde a processo administrativo na Secretaria.
O caso
Antônio Claret de Lima foi preso em junho de 2007, acusado de pedofilia e exploração de menores. Entre suas vítimas estariam crianças com idades entre 5 e 12 anos. Outras cinco pessoas foram presas, sob a acusação de agenciarem crianças e adolescentes para terem relações sexuais com o médico. O processo tramita na 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO). Ainda não foi dada a sentença final.
Um dos casos que mais chamou a atenção foi o da babá Marinalda Mendes Vieira. Segundo a polícia, ela levava a filha de sua patroa – uma menina de 8 anos – para ser abusada sexualmente por Claret. Gravações telefônicas interceptadas durante as investigações revelam conversas em que o médico fala com detalhes dos contatos íntimos com os menores.
Em novembro de 2007, todos os envolvidos foram soltos, por força de um habeas corpus. O desembargador que decidiu pela liberdade acatou o pedido da defesa, que argumentou que o levantamento das provas era demorado e, por isso, deveria ter sido feito antes da denúncia, o que evitaria que eles ficassem mais tempo que o necessário na prisão.
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