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Chuvas matam 4 e deixam mais de 30 mil desabrigados em Alagoas

Na cidade de Atalaia (AL), o rio Paraíba subiu e invadiu casas e lojas do centro - Suelly Braz/Divulgação
Na cidade de Atalaia (AL), o rio Paraíba subiu e invadiu casas e lojas do centro Imagem: Suelly Braz/Divulgação

Carlos Madeiro <br> Especial para o UOL Notícias <br> Em Maceió

19/06/2010 12h43Atualizada em 19/06/2010 17h25

Quatro pessoas morreram, três estão desaparecidas e mais de 32 mil estão desabrigadas em Alagoas por conta das chuvas que caem no Estado desde a quinta-feira. Segundo balanço da Defesa Civil Estadual, às 14h45 deste sábado (19), 32.226 pessoas estavam desabrigadas e 4.800 estavam desalojadas. O número ainda não é definitivo, já que quatro municípios em situação crítica ainda não enviaram dados. A estimativa do governo é que cerca de 70 mil pessoas tenham perdido ou deixado suas casas desde a tarde desta sexta-feira no Estado. Quinze cidades decretaram estado de calamidade pública.


Duas mortes foram confirmadas pela Defesa Civil em Paulo Jacinto, no agreste. Outras duas morreram em Branquinha. Por conta da chuva, parte do único hospital de Paulo Jacinto desabou, mas não deixou feridos. O prédio foi interditado. Várias ruas da cidade foram alagadas. Três pessoas estão desaparecidas em Quebrangulo (2) e Joaquim Gomes (1).

Outras duas cidades também apresentam grandes estragos. União dos Palmares registra o maior número de pessoas desabrigadas (6.350). Já em Quebrangulo, 804 casas ficaram destruídas e 80% da cidade foi inundada. Segundo o prefeito Marcelo Lima, os moradores estão desabastecidos de comida e falta água potável. "A cidade foi totalmente destruída, uma coisa inacreditável", afirmou.

O governador Teotonio Vilela Filho assinou neste sábado (19) o decreto de calamidade pública em 15 municípios, que devem receber, emergencialmente, recursos para ajudar os desabrigados. Em muitos deles, falta energia, não há água potável e os acessos estão comprometidos.

Vilela afirmou que o Estado está coordenando os trabalhos pessoalmente neste sábado. “A tragédia em Alagoas é fato. Nós estamos vivendo um momento dramático. São centenas de desaparecidos. Infelizmente essa é a realidade. Pedimos a Deus que esses desaparecidos estejam vivos, mas não temos condições, neste momento, de precisar o tamanho dessa tragédia”, afirmou o governador, em entrevista coletiva nesta manhã.

Os acessos às cidades também estão comprometidos. Ainda não há um número preciso de vítimas, nem de danos materiais, mas a Defesa Civil já contabiliza centenas de casas destruídas por conta da força da água.

Três helicópteros participam da operação de resgate. A maioria desses municípios está ilhado, e o Corpo de Bombeiros também utiliza botes para salvamento. Ainda há centenas de pedidos de socorro de famílias ilhadas, que esperam auxílio das autoridades.

BRs interditadas

 

As duas principais BRs do Estado estão interditadas. A BR 101 está interditada em Joaquim Gomes, enquanto a BR 104 tem três pontos fechados em União dos Palmares. A única rodovia que dá acesso a Pernambuco é a AL 101, que também apresenta graves problemas. A Polícia Rodoviária Federal pede que a população só trafegue nas rodovias em caso de extrema necessidade.

Por conta da chuva, oito municípios estão com fornecimento de água suspensos, e dezenas estão com sistema comprometido, informou a Companhia de Saneamento de Alagoas.

Já os municípios da Zona da Mata enfrentam ainda a falta de energia elétrica, já que a subestação de União dos Palmares foi inundada. Técnicos da Eletrobras Distribuição Alagoas que foram ao local tentar resolver o problema estão ilhados desde a noite desta sexta-feira. Não há previsão para o restabelecimento da energia.

Em Quebrangulo, no agreste, 80% da cidade foi inundada. Segundo o prefeito Marcelo Lima, os moradores estão desabastecidos de comida e falta água potável. "A cidade foi totalmente destruída, uma coisa inacreditável", afirmou.

Rios transbordam

Segundo o governador, o problema em Alagoas foi ocasionado por conta da água dos rios Jacuípe, Paraíba, Canhoto e Mundaú, que vêm de Pernambuco, onde choveu forte durante toda a semana. Todos os municípios atingidos estão à margem de um desses rios.

“Já falei com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por telefone, e ele prometeu mandar helicópteros para nos ajudar imediatamente. Dois ministros devem vir ao Estado imediatamente para nos auxiliar”, assegurou.

Neste sábado, ele teve uma reunião de emergência com Defesa Civil, Aeronáutica, Exército, Capitania dos Portos, e Corpo de Bombeiros para traçar estratégias de socorro às vítimas.

“Primeiro estamos preocupados em salvar vidas, mas precisamos levar água potável a essas pessoas. É preciso orientar as pessoas dessas cidades que fervam a água do rio para beber num primeiro momento. Terceiro, já estamos providenciar abrigo. E, por último, vamos levar comida e agasalho. Pedimos o apoio de todos, pois é uma situação dramática”, disse.

O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil já deram início a uma campanha para arrecadar, com urgência, donativos, água potável e roupas para os desabrigados. Vários pontos do Estado estão recebendo o material, que deverá ser distribuído já a partir deste sábado.