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"Parece que jogaram uma bomba atômica", diz governador de AL; Estado tem 607 desaparecidos

Em Rio Largo, na região metropolitana de Maceió, toda a parte baixa da cidade, onde está o centro comercial e principais prédios públicos, foi inundada e destruída pela enchente - Beto Macário/UOL
Em Rio Largo, na região metropolitana de Maceió, toda a parte baixa da cidade, onde está o centro comercial e principais prédios públicos, foi inundada e destruída pela enchente Imagem: Beto Macário/UOL

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

22/06/2010 13h28

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Teotonio Vilela Filho, governador alagoano, comparou a destruição causada pelas enchentes no Estado aos de uma “hecatombe” e disse que, em relação a danos materiais, essa é a maior tragédia já vista em Alagoas.

“Parece que jogaram uma bomba atômica em muitos municípios. Temos cidades como Branquinha que não tem mais nenhum prédio público em pé”, disse Vilela ao UOL Notícias na manhã desta terça-feira.

A Defesa Civil de Alagoas informou no início da tarde desta terça-feira que 177.282 pessoas foram afetadas pelas chuvas no Estado desde a última sexta-feira, com 29 mortes e 607 pessoas desaparecidas. Até o momento, 73.828 pessoas estão desabrigadas e desalojadas.

Ao todo, 19 mil casas foram destruídas ou danificadas pelas cheias dos rios Paraíba, Mundaú, Jacuípe, Caramagibe e Canhoto. Nesta terça-feira, o ministro da Integração Nacional, João Santana, visitou Alagoas e sobrevoou cidades atingidas para apresentar dados e discutir como o governo federal pode ajudar o Estado neste momento.

O governador disse que o Estado não estava preparado para tamanha catástrofe, já que a destruição veio por conta da água dos rios de Pernambuco. “Nenhum Estado está pronto para isso. Foi água demais. Agora que caiu a ficha na cabeça de todos. A situação aqui é muito grave, muito séria”, afirmou.

PE tem 54 cidades afetadas

No Estado, 12 pessoas morreram e mais de 30 mil estão fora de casa. Segundo a Defesa Civil, são 30 os municípios em estado de emergência e nove em calamidade pública.

Vilela disse que ainda é cedo para dimensionar o prejuízo com as enchentes no Estado. “Foram escolas, postos de saúde, delegacias destruídas. Foram mais de 40 pontes que desabaram. Estamos fazendo o inventário com muito critério, para não haver incorreção. Com esse levantamento, vamos começar a construir casas e outros locais que foram destruídos.

Apesar de não ter custos, o governador adiantou que vai precisar do aporte de recursos do governo federal e do apoio de outros Estados.

“Nós já estamos recebendo uma grande solidariedade do presidente Lula e dos Estados. Este madrugada mesmo chegou um avião carregado de mantimentos. Alagoas não tem nenhuma condição de bancar isso [prejuízo] sozinha”, destacou.

Buscas e assistência
O trabalho de apoio às vítimas e busca por desaparecidos está sendo feito em conjunto pelo Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Exército, Marinha e Aeronáutica. Cerca de 700 militares estão, diariamente, nas 22 cidades mais atingidas do Estado.

  • Imagens aéreas da destruição

  • Imagens de Alagoas

  • Imagens de Pernambuco

Os focos neste momento são as operações de apoio às pessoas afetadas, com medidas assistenciais, e busca pelos desaparecidos. A procura nesta terça-feira se concentra nos municípios do alto do Vale do Mundaú, onde existe o maior número de pessoas sem paradeiro. Cães farejadores ajudam na procura por corpos nas regiões destruídas.

Militares de São Paulo, Sergipe e Rio de Janeiro estão chegando ao Estado até amanhã e devem ajudar nas buscas. Seis helicópteros participam das ações de entrega de mantimentos e medicamentos nas regiões afetadas.

Deve ser instalado ainda hoje o primeiro hospital de campanha no município de Branquinha, um dos mais afetados pelas chuvas. Oito médicos devem integrar a força-tarefa de atendimento. A Defesa Civil diz que serão feitos serviços de ambulatório, urgência e emergência. Outro hospital deve ser instalado na região do Vale do Paríba ainda esta semana.

Segundo a Defesa Civil, 21 toneladas de mantimentos e roupas já foram enviadas por outros estados e pelo governo federal a Alagoas e estão sendo distribuídas. “O que precisamos mesmo hoje é de comida e água, pois temos muita gente desabrigada”, afirmou o coronel Neitonio Freitas, coordenador da Defesa Civil Estadual.

A cidade-base para distribuição de mantimentos é Joaquim Gomes, que está repassando os alimentos, água e roupas para as demais cidades, exceto Santana do Mundaú, que ainda enfrenta problemas no acesso por via terrestre.

Nesta terça-feira, voltou a chover em algumas áreas do Estado, e a Defesa Civil já enviou um alerta aos municípios para que fiquem atentos a novos eventos, já que a meteorologia prevê tempo instável. 

Quatro cidades sem energia
A Eletrobras Distribuição Alagoas informou hoje que a rede elétrica foi “bastante danificada” com as enchentes e seis municípios seguem com problemas de fornecimento. A estimativa é que aproximadamente 300 postes, entre quebrados, tombados e desaparecidos, foram destruídos nos municípios de União dos Palmares, Branquinha e Murici.

A empresa informou que falta energia hoje nos municípios de Branquinha, São José da Laje, Ibateguara e Santana do Mundaú. Em Quebrangulo e União dos Palmares, o blecaute é parcial. Segundo a Eletrobas, o principal problema para restabelecer a energia elétrica nas cidades afetadas é a falta de acesso. Cerca de 250 técnicos trabalham nas regiões afetadas.

A Companhia de Saneamento de Alagoas não informou quantos municípios permanecem sem abastecimento de água.

Ministros em Alagoas
O ministro da Integração Nacional, João Santana, visitou Alagoas nesta terça-feira para sobrevoar as áreas atingidas pelas enchentes e afirmou que o cenário visto no Estado é um dos mais trágicos de que já se teve notícia. “Ninguém está pronto para um evento dessa magnitude. Não é maior tragédia que já vi no Brasil, mas em termos de casas, de população humilde atingida, nunca vi uma tragédia desse porte. Nós aqui temos cidades destruídas”, afirmou.

Veja como ajudar as vítimas das chuvas

As chuvas dos últimos dias deixaram dezenas de mortos e milhares de desabrigados e desalojados nos Estados de Alagoas e Pernambucos. Há vários pontos para a entrega de donativos às vítimas.

Segundo ele, o trabalho deve ser feito em três vertentes. “Primeiro é o resgate das vítimas. Depois é preciso chegar com alimento, água, agasalhos, cobertores. Após é que existirá o levantamento do que foi feito e começaremos a reconstrução”, explicou.

Santana deve apresentar, esta semana, ao presidente Lula, um relatório da situação encontrada em Alagoas, apontando os problemas e investimentos que devem ser feitos no Estado.

Nesta tarde, quem visita Alagoas é o ministro da Defesa Nacional, Nelson Jobim. Ele também vai sobrevoar cidades afetadas e, em seguida, fará uma reunião de trabalho, ainda no aeroporto Zumbi dos Palmares, com o governador, a Defesa Civil e os comandantes das Forças Armadas em Alagoas.

Cidades que decretaram calamidade pública