Topo

Diretor de hospital em SP reclama de repasses do SUS

Arthur Guimarães

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

23/06/2010 07h30

Após a reportagem do UOL Notícias constatar que a demora no atendimento é a reclamação mais frequente dos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), Flávio Azenha, diretor-técnico da Santa Casa de Santo Amaro, em São Paulo, assume que, “em alguns dias”, o tempo de espera no setor de ortopedia ou na realização de exames de radiografia pode chegar a oito horas. “Temos uma demanda enorme, atendemos mais de 400 pessoas por dia nessa especialidade. As pessoas sabem que aqui pode demorar, mas ninguém sai daqui sem atendimento”, disse.

A origem do problema, segundo ele, está na “timidez” dos financiamentos vindos do SUS. “Não dá para pagar 60% do nosso serviço. O restante tentamos conseguir de doações, subsídios, transferências de órgãos públicos ou até mesmo de empréstimos bancários. Mas nem sempre isso é possível”, argumenta.

Segundo Azenha, os casos de emergência são sempre tratados de forma imediata. “Aliás, esse é outro problema. Temos três médicos em cada turno. E recebemos muitas pessoas acidentadas vindas de ambulância, com fraturas expostas, e os ortopedistas precisam parar o atendimento normal para ir para a sala de cirurgias. Nesses casos, realmente a espera fica grande.” Azenha afirmou estranhar a demora no atendimento do Pronto-Socorro e disse que irá apurar eventuais falhas constatadas pela equipe de reportagem.

A Secretaria Estadual de Saúde alegou que os problemas encontrados no hospital do Grajaú são fruto do grande número de casos de emergência que são recebidos na unidade. Nessas ocasiões, diz o órgão, os demais pacientes precisam esperar, mas recebem atendimento.

A pasta informou que "a paciente Roberta Talita Cândido da Conceição passou pela triagem inicial às 14h05. Detectada uma infecção de garganta a paciente recebeu às 16h um medicamento intramuscular (injeção) de antibiótico (Benzetacil) e anti-inflamatório (Prefenid), e antitérmico (Tylenol) via oral".

Segundo o órgão, "já a paciente Cristina Ferreira de Souza esteve pela primeira vez no Hospital Geral do Grajaú no dia 15 de junho às 7h24, quando foi detectada através de radiografia uma fratura no pé esquerdo. Na ocasião foi prescrito medicamento intramuscular – anti-inflamatório e colocada uma tala gessada. A paciente foi encaminhada para a UBS do Jardim Clíper, seção de ortopedia, para prosseguimento do tratamento. O atendimento completo terminou as 10h15. Ontem, 22 de junho, Cristina retornou ao Hospital do Grajaú para rever o ferimento. Foi reavaliada pela equipe médica e novamente encaminhada para a UBS do Jardim Clíper."

Em nota, o Ministério da Saúde informou que “promoveu quatro reajustes da tabela de procedimentos do SUS, com um impacto superior a R$ 6 bilhões”. “Os aumentos envolvem cerca de 1.500 procedimentos, que tiveram reajuste de até 1.000%, dependendo do procedimento. A priorização foi dada a ações estratégicas e valores mais defasados.”

O órgão afirmou que, “especificamente para o Estado de São Paulo, entre 2003 e 2010, o Ministério da Saúde aumentou em mais de 100% as transferências financeiras para o gestor estadual realizar procedimentos de média e alta complexidade, que incluem internações, cirurgias, exames e outros procedimentos mais complexos. Os repasses passaram de R$ 3,3 bilhões anuais, em 2002, para R$ 6,7 bilhões/ano em 2009”. A pasta ressaltou ainda que “a regulação da fila de espera em estados e municípios é responsabilidade do gestor local”.

A secretaria Municipal de Saúde de São Paulo disse que "vem investimento muito na ampliação da rede e na oferta de serviços dedicados à saúde da população, incluindo novas unidades e novos serviços, além da criação de programas que melhoram os fluxos de atendimento, como para as gestantes, por meio da Rede de Proteção à Mãe Paulistana".

Sobre os casos relatados na reportagem, "a Coordenadoria Norte, responsável pelas unidades AMA Elisa Maria e AMA José Soares Hungria, já entrou em contato com os parceiros que administram os serviços, para tomar providências em relação aos dois casos e para a adoção de medidas que possam melhorar e agilizar o atendimento".