Justiça retoma nesta manhã julgamento de acusado de matar Sabotage
O 1º Tribunal do Júri do Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, deu início ontem ao julgamento de Sirlei Menezes da Silva, apontado pela polícia como o assassino do cantor e rapper Mauro Mateus dos Santos, conhecido como Sabotage. Em seu interrogatório, que durou 1h25, o réu negou a autoria do crime. A sessão, aberta às 15h25, foi encerrada no final da noite de ontem pela juíza Fabíola Oliveira Silva. O julgamento está previsto para ser retomado às 9h30 de hoje.
Na fase de instrução do julgamento foram ouvidas quatro testemunhas, sendo duas do juízo, uma de acusação (sigilosa, ouvida em plenário apenas na presença das partes) e uma testemunha de defesa. A segunda testemunha de acusação não foi ouvida por desistência do Ministério Público Estadual (MPE).
O crime aconteceu em 24 de janeiro de 2003, na avenida Abraão de Morais, no bairro da Saúde (na zona sul de São Paulo). A vítima levou quatro tiros: dois na coluna cervical, um na mandíbula e um próximo ao ouvido, foi levado ao hospital ainda vivo, mas não resistiu.
O réu é acusado de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e meio que dificultou a defesa da vítima) e está preso há quase cinco anos.
A testemunha sob proteção confirmou que o réu era o chefe do tráfico de drogas na favela da Paz e que houve uma disputa entre quadrilhas pelo comando do tráfico no local. Ela acrescentou que ao ir ao velório de Sabotage ouviu Sirlei dizer “derrubei o cara, ele vai cantar com São Pedro” e depois teria soltado fogos comemorando a morte da vítima.
Em seu depoimento, Sirlei Menezes da Silva negou ser o responsável pelo assassinato. Ele começou a ser ouvido por volta das 20h30. O réu afirmou que no dia do crime estava com a mãe em um hospital na zona leste e só ficou sabendo da morte de Sabotage no início da tarde.
A acusação ficou a cargo do promotor de justiça Carlos Roberto Marangoni Talarico. A defesa de Sirlei coube ao defensor público Marcelo Carneiro Novaes.
Previsto inicialmente para 28 de abril, o julgamento foi adiado a pedido do Ministério Público, por conta da ausência de uma testemunha considerada imprescindível pela acusação.
O Ministério Público afirma que Sirlei foi o assassino de Sabotage. A morte faria parte de uma guerra de quadrilhas pela disputa por pontos de venda de droga. Sirlei foi preso em 14 de dezembro de 2004, em Suzano.
Perfil
Sabotage, um ex-interno da Febem e “ex-soldado” de traficantes, cresceu na favela do Canão, na avenida Jornalista Roberto Marinho. Em 1995, foi duas vezes indiciado, uma por porte de arma, outra por tráfico de drogas. Havia trocado o crime pelo rap e se tornado um dos mais influentes músicos de sua geração, compondo músicas de cunho social que falavam sobre drogas, violência e criminalidade.
Com o lançamento de seu primeiro disco ”Rap É Compromisso”, Sabotage alcançou o respeito e o sucesso como rapper. Ele auxiliou no roteiro, atuou e foi responsável pela trilha sonora do filme “O Invasor”, de Beto Brant, estrelado por Paulo Miklos, integrante da banda Titãs. A trilha sonora do longa-metragem ganhou prêmios nos festivais de Sundance, de Brasília e de Recife. O rapper também participou do filme "Carandiru", de Hector Babenco.
Sabotage morava na favela do Canão, no Brooklin, e, no final de 1998, mudou-se para o complexo Vila da Paz. Ali, na favela do Morro, montou, segundo a polícia, um ponto de tráfico de drogas com o colega Durval Xavier dos Santos, o Binho.
De acordo com a investigação, a quadrilha de traficantes que dominava a favela elegeu os dois como rivais. Segundo a polícia, a guerra entre os grupos aumentou quando Sabotage e Binho assassinaram o chefe do bando rival, Euclides Mendez Pessoa, em 1999.
Com a morte de Euclides, o traficante Sirlei assumiu o grupo e indicou Nivaldo Pereira da Silva, “o Caçapa”, como segundo na hierarquia da quadrilha. Caçapa invadiu o barraco de Sabotage para vingar o assassinato de Euclides.
Em 2000, para fugir da guerra instalada na Vila da Paz, Sabotage mudou-se para a favela do Boqueirão. Mas, segundo a polícia, continuou a frequentar a favela da Paz.
Binho foi preso por tráfico em 2002. Em 14 de outubro daquele ano, foi morto no Cadeião de Pinheiros 3. Segundo a polícia, Sabotage teria se vingado executando Denivaldo Alves da Silva, o Vadão, segurança do bando de Sirlei, em 9 de janeiro de 2003. Em represália, depois de 15 dias, Sirlei, acompanhado de Demilson Alves, o Bocão – irmão de Vadão –, matou Sabotage. Em fevereiro, Bocão foi morto.
*Com informações da Agência Estado
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