Justiça concede domiciliar para socialite suspeita de desviar R$ 35 milhões
A Justiça de Minas Gerais concedeu prisão domiciliar a Samira Monti Bacha Rodrigues, suspeita de liderar um esquema que desviou mais de R$ 35 milhões em fraudes de cartões.
O que aconteceu
O juiz levou em consideração que a socialite é mãe de filhos menores de 12 anos. Uma fonte que acompanha o caso confirmou a informação ao UOL, já que o inquérito tramita em sigilo.
Samira realizava fraudes desde 2020, segundo a polícia. Ela teria aplicado golpes enquanto era sócia de três empresas diferentes, duas no ramo de cartões de crédito e outra de antecipação de recebíveis.
Dinheiro era gasto com artigos de luxo, como carros importados, bolsas e joias. Os valores desviados eram convertidos também em passagens aéreas e criptomoedas, segundo a polícia. Entre os bens recuperados na operação estavam relógios de luxo, bolsas de até R$ 280 mil e joias.
A mulher aumentava os limites dos cartões das empresas, gastava os valores e, em seguida, apagava as dívidas dos sistemas. Segundo a polícia, o prejuízo precisava ser arcado pelo "outro lado" da ponta, os pequenos empresários e estabelecimentos onde os cartões eram passados pelos clientes.
Mulher supostamente se aproveitava de cargo alto para enganar outros sócios e coagir funcionários. O delegado Alex Machado, da delegacia especializada no combate a crimes tributários, afirmou que ela daria um tipo de "vantagem" aos funcionários para acobertarem as fraudes.
Lavagem de dinheiro era feita com joias. Somente em uma das viagens de luxo de Samira para Dubai, ela teria gastado cerca de US$ 150 mil (mais de R$ 800 mil) em joias. Além disso, ela teria se aproximado de uma dona de joalheria em Minas Gerais, que foi alvo de mandados de busca e apreensão na operação dessa quarta.
O UOL não conseguiu localizar a defesa de Samira. O espaço segue aberto para manifestação.
Cronologia dos crimes
Samira teria começado os desvios em uma empresa de cartões de benefício. O negócio funcionava como uma espécie de vale-alimentação para funcionários de empresas parceiras. Ela se tornou sócia na empresa em 2018 porque tinha um vínculo próximo com o dono da instituição, mas os crimes teriam sido cometidos sem conhecimento dele, segundo a polícia.
Valores começaram a escalonar em 2023. Na época, a mulher começou a atuar no ramo de cartões médicos, que também funcionam como uma espécie de "vale", mas com valores bem maiores. Os valores das fraudes chegaram a R$ 500 mil, segundo a polícia.
Clientes procuraram as duas empresas para relatar problemas e mulher "maquiou" planilhas. Segundo o delegado Alex Machado, ela fez a "gestão de crise" alterando dados de planilhas e saldos, e orientando que funcionários não narrassem nenhum problema aos outros sócios das empresas.
Última empresa na qual ela trabalhou antes de ser presa operava valores nas casas dos milhões. Na área de antecipação de recebíveis, Samira teria simulado operações se passando por clientes cobrando valores de outras empresas. O montante, porém, era direcionado diretamente para a conta bancária dela.
Funcionário da terceira empresa descobriu fraudes e contatou os sócios. Os sócios teriam confrontado a mulher, que se comprometeu a devolver os valores e chegou a entregar parte do dinheiro.
Polícia foi procurada e investigação foi instaurada. Depois disso, Samira informou que "era vítima", se negou a colaborar com sócios e disse que procuraria um advogado.
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