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No primeiro dia de trabalho, "juiz-prefeito" de Dourados (MS) vê dificuldades, mas diz que foi bem recebido

O juiz Eduardo Machado Rocha, diretor do Fórum de Dourados, durante a cerimônia de posse - Fabio Dorta / Correio do Estado
O juiz Eduardo Machado Rocha, diretor do Fórum de Dourados, durante a cerimônia de posse Imagem: Fabio Dorta / Correio do Estado

Raquel Maldonado<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

08/09/2010 18h38

Em seu primeiro dia útil como prefeito interino do município de Dourados (250 km de Campo Grande), a segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, o juiz Eduardo Machado Rocha, 53, reafirmou que as dificuldades são várias, mas que tanto ele quanto os secretários recém empossados estão compromissados em apurar as irregularidades e fazer com que a cidade volte a funcionar.

“Assumir um cargo de uma hora para outra já é difícil, imagina com uma administração que praticamente não operava e estava parada”, disse o prefeito interino em entrevista rápida ao UOL Notícias durante uma pausa entre uma reunião e outra.

Rocha, que foi empossado no último sábado (4), anunciou como primeiro ato uma auditoria em todas as secretarias e demais órgãos municipais. Durante o discurso de posse, ele afirmou que a fiscalização vai apurar os atos da atual administração e de administrações anteriores.

Ele pediu apoio do Ministério Público e das polícias Federal e estadual. “Vamos abrir as portas da administração e colocar à disposição todos os documentos necessários para que o Ministério Público e a polícia nos auxiliem nesse trabalho”.

Na manhã de hoje (8), Rocha empossou os novos secretários e membros do primeiro escalão da prefeitura.

No último dia 1º, uma operação da Polícia Federal prendeu o prefeito, Ari Artuzi (PDT), o vice, a primeira-dama, quatro secretários municipais, o presidente da Câmara e mais oito vereadores. As prisões deixaram a máquina pública municipal “às escuras”, segundo a própria assessoria da prefeitura.

Todos são suspeitos de integrar um esquema de corrupção, fraudes em licitação e desvio de verbas em contratos assinados pela prefeitura.

UOL Notícias: Qual a principal diferença entre a rotina que o sr. tinha como juiz e agora como prefeito?
Eduardo Machado Rocha: Hoje é apenas meu primeiro dia útil como prefeito, não tenho como fazer muitos balanços, mas a diferença é que lá [no Fórum] a gente faz audiência e aqui a gente atende a comunidade. Aqui a gente faz reuniões, vê projetos, trata com temas de administração.

UOL Notícias: Qual a principal dificuldade enfrentada até agora?
Rocha: As dificuldades são várias. São dificuldades atrás de dificuldades. Reuniões a toda hora para a gente se inteirar dos fatos, mas estamos tentando superar isso a cada momento com ajuda de pessoas bem intencionadas. Pois assumir um cargo de uma hora para outra já é difícil, imagina com uma administração que praticamente não operava e estava parada. Mas nós estamos tentando colocar as coisas em dia o mais rápido possível.

UOL Notícias: Com base em que o sr. nomeou os secretários?
Rocha: Procurei me cercar de pessoas de minha confiança, de pessoas técnicas, com capacidade e experiência. Muitas delas já trabalharam nas pastas em administrações anteriores.

UOL Notícias: O sr. contou com ajuda de uma comissão para nomeá-los?
Rocha: Eu, como juiz, atuo junto e tenho conhecimento das pessoas que são de confiança e das pessoas que possuem capacidade para determinados cargos, mas evidentemente tive também ajuda de outras pessoas para decidir sobre os secretários.

UOL Notícias: Qual é o clima entre os demais funcionários da prefeitura que continuaram no cargo?
Rocha: Normal. Todo mundo trabalhando satisfeito, com semblante alegre. O ambiente aqui é o melhor possível. Fui bem recebido pelos que aqui estavam.

UOL Notícias: Há um período de duração determinado para seu mandato?
Rocha: Não. Pode durar alguns dias, algumas semanas ou até meses. Tudo depende da normalidade institucional do município.

UOL Notícias: O que o sr. pretende fazer durante o tempo que estiver como prefeito?
Rocha: A gente pretende administrar, apurar as irregularidades, tocar as obras, verificar os recursos. Inclusive, hoje tive conhecimento que o município estava perdendo um recurso de R$ 120 milhões, do PAC 2. Mas hoje já conversamos com representantes da Caixa Econômica para tentar que eles restituam o prazo para que a gente possa apresentar os projetos. É importante que o município não perca esse recurso.

UOL Notícias: Como o sr. acredita que essa história vai acabar?
Rocha: Espero que com essas provas contundentes e com a indignação da população essas pessoas sejam condenadas. Não é possível que o ex-prefeito dessa cidade, uma pessoa sem a mínima capacidade de administrar esse município, sem competência, sem idoneidade, tenha a coragem de falar na imprensa que vai voltar.