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Ministério da Defesa libera 800 militares para combater violência no RJ

Ônibus da Viação São Silvestre foi incendiado na avenida Presidente Vargas, centro do Rio - Cléber Júnior / Agência O Globo
Ônibus da Viação São Silvestre foi incendiado na avenida Presidente Vargas, centro do Rio Imagem: Cléber Júnior / Agência O Globo

Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

25/11/2010 23h15

O Ministério da Defesa liberou na noite desta quinta-feira (25) 800 militares para auxiliar as forças de segurança do Rio de Janeiro a combater a violência no Estado. A medida foi tomada pelo ministro Nelson Jobim após uma solicitação feita pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A polícia fluminense também terá o reforço de dois helicópteros da Força Aérea e de 10 veículos blindados, alguns dos quais já estão em operação.

Cinco dias de violência

Ao longo de cinco dias consecutivos de ataques, pelo menos 74 veículos, entre carros, vans e ônibus, foram incendiados na região metropolitana do Rio de Janeiro, segundo balanço divulgado na noite desta quinta-feira (25) pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Só hoje, até as 20h, foram incendiados pelo menos 31 veículos. Desde o começo da semana foram: dois no domingo (21), oito na segunda (22), dois na terça (23) e 31 na quarta-feira (24), segundo informações da Polícia Militar.

Ainda de acordo com balanço da PM, 25 pessoas foram mortas desde segunda-feira durante as operações. Também foram contabilizados 193 presos e detidos desde domingo. Já a Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro confirmou outras quatro mortes na quarta-feira e a Polícia Civil, outras sete pessoas no Jacarezinho nesta quinta-feira.

Mesmo com o fim da incursão policial na favela da Vila Cruzeiro durante a tarde, ataques na capital fluminense não cessaram na noite de hoje.

Os confrontos entre policiais e traficantes, porém, não ficaram restritos às favelas onde houve operações: o Metrô do Rio de Janeiro suspendeu a venda de bilhetes em quatro linhas na tarde desta quinta. A rede de ensino pública e estadual teve pelo menos 38 escolas fechadas devido aos conflitos.

Vila Cruzeiro

Durante a tarde, policiais, com a ajuda da Marinha, invadiram a Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio. Imagens do confronto foram divulgadas pelos canais de televisão. Aproximadamente 200 criminosos armados fugiram para o Complexo do Alemão, vizinho à comunidade. A fuga foi feita por uma estrada de terra que corta o Morro do Caricó, que é desabitado e separa as duas comunidades. 

Após os confrontos, o subchefe operacional da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira, afirmou ao jornalistas que a favela estava tomada. “Posso dizer com 100% de certeza que a Vila Cruzeiro é do Estado”, afirmou. Cerca de 250 policiais participaram da ocupação, que não tem data para ser encerrada, segundo as autoridades.

Mais cedo, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou  que o objetivo central das ações da polícia no Estado é o de tirar território do tráfico. 

“Essas ações estão sendo feitas com o objetivo de garantir a continuidade do que está sendo feito. Foi tirado dessas pessoas o que nunca foi tirado, o território. Seu porto seguro. Eles faziam suas barbaridades e corriam para seu reduto, protegidos por armas de guerra. É importante prender, mas é mais importante tirar o território”, disse Beltrame. “Se não tirar o território, não se avança.” 

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Beltrame ainda elogiou o trabalho dos mais de 250 policiais que participaram das operações na Vila Cruzeiro e em outras 27 comunidades cariocas, e citou incursão para a instalação de uma UPP no Morro dos Macacos, onde um helicóptero da polícia foi abatido em confrontos ocorridos em outubro de 2009. “Essas pessoas estão livres da ameaça de um fuzil”, afirmou. 

“Há um clima de felicidade mesmo na população pelo trabalho que fizemos lá nesta tarde”, disse Mário Sergio Duarte, comandante-geral da Polícia Militar. Ele informou que a polícia ainda não tem um balanço do número de mortos na operação desta tarde.

“Eles sabem que não podem nos enfrentar”, disse Alan Turnowski, chefe da Polícia Civil. “Independente de junção ou não, a polícia tem condições de entrar”, afirmou, sobre a suposta união entre duas facções criminosas rivais para combater a polícia, ADA (Amigos dos Amigos) e Comando Vermelho.

Entenda os ataques

Uma onda de violência assola o Rio de Janeiro desde o último domingo (21), quando criminosos começaram uma série de ataques e incendiaram veículos.

Na segunda-feira, as autoridades fluminenses consideraram os ataques uma resposta à política de ocupação de favelas por UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais. A intenção seria colocar medo na população.

A polícia investiga se os ataques estão sendo orquestrados pelas facções criminosas Comando Vermelho e ADA (Amigos dos Amigos). Na quarta-feira, oito presidiários foram transferidos do Rio para o presídio de segurança máxima em Catanduvas (PR).

Desde o começo da semana, uma megaoperação está sendo feita em diversas comunidades da capital. Nesta quinta, a Vila Cruzeiro, no subúrbio do Rio, registrou os combates mais intensos.

Na quarta-feira (24), uma determinação do comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, obrigou todos os policiais de folga a retornar para seus batalhões. Além disso, a Marinha passou a ajudar no combate e o governo federal enviou reforço da Polícia Rodoviária Federal.

Grande quantidade de armas e drogas estão sendo apreendidas diariamente. A operação em resposta aos crimes não tem data para acabar, informam as autoridades. 

Veja os locais onde veículos foram incendiados no Rio de Janeiro*

Total de mortos: 23 Locais em que veículos foram incendiados
  • Fonte: Relatório divulgado pela PMERJ