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Líder do governo na Câmara de Jandira (SP) diz que crime foi político e relata que já foi ameaçado

Fabiana Uchinaka<br>Do UOL Notícias<br>Em Jandira (SP)

10/12/2010 14h01

O líder do governo na Câmara dos Vereadores, Henrique Francisco de Alexandria (PSDB), acredita que o assassinato do prefeito de Jandira, Braz Paschoalini (PSDB), nesta sexta-feira (10), tenha sido um crime político. Segundo Alexandria, a cidade está se tornando "perigosa" para exercer a política. Ele afirma que já foi ameaçado.

"Eu acho que só pode ter sido crime político. Quem mais? Eu não vou responder, é a polícia, mas tenho certeza de que foi crime político encomendado", afirmou. "Eu acho que, na realidade, o trabalho [político] pode trazer ciumeira. Já fui ameaçado várias vezes. Mataram um vereador na gestão passada. Eu estou saindo de Jandira para preservar a minha família” disse. "Mataram um prefeito, por que não matariam um vereador?"

Ainda de acordo com Alexandria, a cidade está perigosa para exercer a profissão. "Eu vejo Jandira hoje como um lugar muito difícil de ser político por causa da inveja e da ciumeira. Trabalhar demais é um perigo, se resolve na bala", disse.

Já a polícia trabalha com a hipótese de que o assassinato tenha sido encomendado, mas não vê indícios de crime político. “Houve um mínimo de planejamento, mas crime político costuma ter denúncia anterior, e isso a gente ainda não tem", disse o capitão Henriques Júnior, da Polícia Militar de Jandira.

Som de tiros
O crime ocorreu por volta das 8h desta sexta-feira (10) na rua Antônio Conselheiro, no Jardim Mirantes, em Jandira (Grande SP). O prefeito chegava à rádio Astral FM com o motorista e segurança, Wellington Martins, quando o veículo foi interceptado por outro. Ele gravaria o programa “Bom dia, prefeito”. Os disparos foram captados pela emissora, e puderam ser ouvidos ao vivo no momento em que o locutor Marcos Aleixo falava sobre o prefeito com o colega, Fernando Silva. “Que bagunça que é essa aí?”, questionou Aleixo. Ouça:

Walderi Braz Paschoalin, no PSDB, tinha 62 anos e cumpria no terceiro mandato. Ele chegou a ser atendido, mas morreu em um pronto-socorro municipal. O segurança foi encaminhado ao Hospital das Clínicas, onde passou por uma cirurgia. Ele está em estado gravíssimo.

A polícia prendeu quatro suspeitos poucos minutos após o assassinato para averiguação. Eles estavam em uma estrada de terra próxima ao local do homicídio, em um Polo. O Focus prata que interceptou o carro do prefeito foi encontrado em um barranco também na saída da cidade, sem marcas de frenagem, com os bancos molhados de gasolina e uma garrafa pet com combustível. Para a polícia, eles não tiveram tempo de incendiar o automóvel. Mais dois homens foram detidos na mesma região.

A polícia trabalha com a hipótese crime encomendado, mas diz ainda não ser possível definir a motivação. A Procuradoria Geral de Justiça designou os promotores do Júri de Jandira e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) - Núcleo São Paulo para acompanhar as investigações, que serão conduzidas pelo delegado Zacarias Katcer Padros, chefe do SHPP (Setor de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Carapicuiba (Grande São Paulo).