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Moradores de Franco da Rocha sofrem com problemas no transporte e no abastecimento

Marcela Rahal* <br> Enviada do UOL Notícias

Em Franco da Rocha (SP)

12/01/2011 16h49


Com o centro de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, completamente alagado desde a manhã desta quarta-feira (12), a população enfrenta dificuldades para se locomover pela cidade. Moradores ouvidos pela reportagem do UOL Notícias relatam que os ônibus municipais estão circulando, mas os veículos estão cheios e rodando com atraso. O acesso a alguns pontos é difícil e em parte deles há filas.

As linhas dos trens também estão alagadas. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) informou que por causa da água nos trilhos a circulação foi suspensa por hoje no trecho entre Caieiras e Franco da Rocha, na linha 7-Rubi, que liga a Estação da Luz à Estação Francisco Morato. O Plano Paese, de oferta gratuita de transporte com ônibus, foi acionado, mas esses veículos não conseguem rodar no centro.

O comércio do centro está completamente fechado, inclusive os supermercados. Com isso, os moradores também afirmam que o abastecimento de comida e itens básicos começa a ficar comprometido.

Entre os prédios atingidos pela água estão a sede da Prefeitura, o Fórum, a Câmara, a delegacia, o ginásio de esportes, o hospital do centro, a farmácia popular, o Banco do Povo e algumas escolas. No prédio da prefeitura, um dos mais atingidos, a água chega a 2 metros.

Segundo o prefeito Márcio Cecchettinio (PSDB), os serviços de água, luz e telefone estão funcionando normalmente. Todo o contingente da polícia e dos bombeiros do município também estão nas ruas para evitar problemas e resgatar os moradores ilhados. 

Até o momento, não foram registrados incidentes mais graves decorrentes da chuva. A Defesa Civil trabalha para retirar as pessoas da áreas de risco. Cerca de 40 famílias foram desalojadas e levadas para um abrigo montado na escola municipal da região.

Cecchettinio afirmou que a Prefeitura montou uma equipe de emergência para atender à população e vai instalar postos de atendimento e saúde nos bairros para que as pessoas não precisem ir até a região central.

Comportas abertas

Segundo a Defesa Civil, as comportas da barragem Paulo de Paiva Castro, que fica em Franco da Rocha, foram abertas gradativamente, o que contribuiu para o transbordamento do rio Juqueri. De acordo com o órgão, a população conseguiu ser avisada antes da possibilidade de enchentes e pôde se preparar. Muitas famílias foram para casas de parentes e amigos até que a situação se normalize.

O prefeito disse na tarde desta quarta-feira que agora espera da Sabesp, responsável pela barragem, uma resposta definitiva sobre a abertura das comportas. Ele ressaltou que gostaria que elas fossem fechadas para que a cidade pare de ser alagada.
 
A Prefeitura informou que as fortes chuvas elevaram o nível da água represada no Sistema Cantareira e um alerta foi lançado para a necessidade de dar vazão à água e manter o nível máximo de segurança.
 
O sistema é composto por seis barragens, que passam pelos municípios de Bragança Paulista, Piracaia, Vargem, Joanópolis, Nazaré Paulista, Franco Da Rocha, Mairiporã, Caieiras. A represa de Paiva Castro fica na parte mais baixa, portanto recebe a água acumulada nos demais pontos do sistema.
 

Chuva provoca 23 mortes no Estado

A Defesa Civil Estadual colocou cinco cidades paulistas em alerta em razão das chuvas. Em todo Estado, 23 pessoas morreram desde o dia 1º de dezembro, segundo o levantamento da Operação Verão.
Do total de mortes, 17 ocorreram em razão de deslizamentos, duas em enchentes e o restante por outros motivos relacionados às chuvas. Estão em alerta os municípios de Mauá, Atibaia, Jundiaí, Sumaré e São José dos Campos.
 
Ainda de acordo com a Defesa Civil, as cidades de Pracinha e Sumaré decretaram situação de emergência. Já a Prefeitura de Atibaia afirma que decretou emergência nesta terça-feira, mas a cidade ainda não é contabilizada pela Defesa Civil.
 
Estão em atenção para novas chuvas: Águas de Lindoia, Americana, Amparo, Bragança Paulista, Campinas, Campo Limpo Paulista, Hortolândia, Itapira, Itatiba, Jarinu, Jundiaí, Limeira, Lindoia, Nazaré Paulista, Pedreira, Piracaia, Rio Claro, Serra Negra, Socorro, Sumaré, Valinhos, Várzea Paulista, Mairinque, Ribeirão Grande, Sorocaba, Votorantim, parecida, Bananal, Cruzeiro, Jacareí, Paraibuna, Santa Branca, São Bento do Sapucaí, Lavrinhas, São Luis Paraitinga, Cubatão, Guarujá, Santos e São Vicente.
 

Quantidade de chuvas

A chuva que atinge a cidade de São Paulo desde o início do ano já soma 99,7% do esperado para todo o mês de janeiro, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da prefeitura. Desde o dia 1º de janeiro, choveu 238,3 mm.

Em 2010, o volume de chuvas em janeiro foi de 157,3 mm, apenas 66% do esperado para todo mês de janeiro.

Os meteorologistas do CGE afirmam que, no ano passado, houve chuva todos os dias, o que não deve acontecer neste ano.

* Com reportagem de Fabiana Uchinaka, em São Paulo.