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PF investiga existência de cemitério clandestino para esconder corpos de vítimas de execuções

Luiz Felipe Fernandes<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Goiânia

16/02/2011 16h28

A Superintendência da Polícia Federal em Goiás tenta identificar um suposto cemitério clandestino para onde seriam levados os corpos de vítimas de grupos de extermínio compostos por policiais militares, presos na terça-feira (15) durante a operação Sexto Mandamento no Estado.

A possibilidade de existência de uma área de desova dos corpos foi levantada em entrevista coletiva concedida ontem pelo superintendente da PF em Goiás, delegado Carlos Antônio da Silva, e confirmada nesta quarta-feira (16) pela assessoria de comunicação do órgão.

Apesar de haver especulações de que o cemitério já foi localizado numa área rural da região metropolitana de Goiânia e de que até ossadas teriam sido encontradas no local, a assessoria se resume a informar que as investigações prosseguem em segredo de Justiça.

No início desta tarde, dois microônibus levaram 17 dos 19 policiais militares presos da sede da Polícia Federal até o aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, de onde partiram para a penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS). Dois dos acusados permaneceram na capital goiana por cumprirem prisão temporária.

A saída do comboio, escoltado por viaturas da PF, foi acompanhado por familiares dos investigados, alguns deles bastante emocionados. Uma equipe de reportagem da TV Record que fazia a cobertura da transferência teve um fone de ouvido quebrado por uma mulher, parente de um dos acusados.

Grupo de extermínio

Iniciadas há um ano, as investigações da operação Sexto Mandamento (referência ao decálogo bíblico, cujo sexto mandamento é “não matarás”) culminaram com a prisão de 19 policiais militares de Goiânia e do interior do Estado, acusados de pertencerem a grupos de extermínio em atuação há mais de uma década.

Entre os envolvidos estão o ex-subcomandante da PM goiana, coronel Carlos Cézar Macário, exonerado logo após o cumprimento do mandado de prisão, e o ex-comandante das Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam), tenente-coronel Ricardo Rocha Batista.

A Polícia Federal acredita que a ação mais recente de integrantes do grupo aconteceu em novembro de 2010, quando os amigos Adriano Souza Matos, 21, e Bruno Elvis Lopes, 16, desapareceram depois de uma abordagem de quatro policiais do Batalhão de Choque da PM.

Levantamento da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Goiás aponta 29 pessoas desaparecidas no Estado após abordagens de polícia.