'Responsabilidade inteira pelo pouso é do piloto', diz CEO de aeroporto
O executivo Marcel Moure, CEO da Rede VOA, concessionária que administra o aeroporto de Ubatuba, onde ocorreu um acidente na manhã desta quinta-feira (9), afirmou que a decisão final de pouso foi de responsabilidade inteira do piloto. A declaração foi feita durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL.
O aeroporto de Ubatuba ainda opera em condições visuais [e não por instrumentos]. Sim, havia um plano de voo processado pelo Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro. E sim, ele tinha autorização para vir para pouso. A questão é, como é um aeródromo que pousa em condições VFR [regras de voos visuais] e não dispõe de uma torre de controle, por exemplo, esse pouso é de responsabilidade inteira do piloto. Marcel Moure, CEO da Rede Voa
O avião de pequeno porte explodiu após sair da pista em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Cinco pessoas estavam a bordo no momento do acidente, sendo quatro passageiros e o piloto, que morreu. Três pessoas que passavam pelo calçadão também foram atingidas. Todas as seis vítimas socorridas estão fora de perigo. O voo partiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, em Goiás (SWME), segundo a Rede VOA.
Ao Canal UOL, o executivo disse que o piloto chegou a alterar o seu plano de voo para pousar no aeroporto de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, que opera por instrumentos, mas que não foi possível por condições desfavoráveis.
Inclusive, no plano de voo, ele tinha alternado para São José dos Campos, em um aeroporto que opera por instrumentos, mas as condições estavam desfavoráveis. [O aeródromo de Ubatuba] estava visual, sim, um pouco degradado, mas estava visual. E a decisão, por exemplo, de aeroporto desse tipo, ela é de responsabilidade do piloto em comando. Marcel Moure, CEO da Rede Voa
Moure reforçou que as condições climáticas no momento do pouso eram degradadas e que o piloto realizou um procedimento de bastante risco.
O que posso dizer é que o pouso em Ubatuba é essencialmente feito por aeronaves com motores turbo-hélices. O Cessna 521 é uma aeronave a jato. E a pista lá [em Ubatuba] são de 900 metros, mas para quem pousa no sentido da praia para dentro. Quem pousa no sentido oposto, ela tem uma restrição, tem uma cabeceira deslocada, que se encontra nas fichas de observação, e os pilotos sabem disso.
Então, quando ele fez a curva para pousar na praia, ele tinha 300 metros a menos de pista. Ou seja, nós estamos falando de uma aeronave Cessna, modelo 521, que tinha que pousar nesses 600 metros. É óbvio aqui que eu não tenho condições nesse momento de avaliar o peso da aeronave, situação do vento, etc.
Mas, sim, as nossas câmeras de vigilância demonstram que a pista estava molhada. Então, as condições meteorológicas daquele momento estavam bastante degradadas. Quem opera naquela região sabe que tem que ter certos cuidados, principalmente na serra [havia neblina cobrindo a serra no momento do acidente]. Então, sim, na nossa humilde opinião, foi um pouso de muito risco nesse momento.
Marcel Moure, CEO da Rede Voa
Especialista: 'Piloto forçou pouso em pista molhada'
No UOL News, o especialista em gerenciamento de risco Gerardo Portela afirmou que as condições climáticas não estavam favoráveis e que o piloto forçou pouso na pista molhada.
A pista e as condições climáticas não estavam favoráveis a esse pouso. Houve um problema de aderência. Como falamos da questão do atrito, ele precisa controlar a aeronave para decolar, mas ainda muito mais para pousar, tratando-se principalmente de uma pista curta, limitada. Então muitas vezes a decolagem é feita em outro local, distante, com condições climáticas diferentes.
Essa é uma região conhecida pela dificuldade para pousos em condições visuais porque chove muito. É a área de Ubatuba, Paraty e Angra dos Reis — inclusive a usina nuclear foi construída ali justamente porque é um dos lugares do Brasil onde mais chove. Há muita nebulosidade, umidade e nuvens.
Existem vários aeródromos ali. Esse piloto tentou fazer o pouso e ainda havia bastante combustível, mas talvez não o suficiente para sair da região. Ele forçou o pouso numa pista molhada. Era o que ele tinha e provavelmente não conseguiu reduzir a velocidade. Gerardo Portela, especialista em gerenciamento de risco
Assista ao comentário abaixo:
Portela: 'Se me dessem passagem, escolheria ir de carro'
Ainda durante o UOL News, Portela afirmou que, se me oferecessem a opção de voar com essa aeronave e nesse aeródromo, preferiria ir de carro.
Eu, por exemplo, se me oferecessem uma passagem nessa aeronave para esse aeródromo, eu preferiria ir de carro. No meu entendimento, descartaria esse risco de voar com uma aeronave como essa, nesse aeródromo precário.
Gerardo Portela, especialista
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