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Após casos de corrupção policial, Goiás afasta PM de investigação sobre jogo ilegal

Luiz Felipe Fernandes<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Goiânia

23/02/2011 20h21

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás anunciou que decidiu afastar a Polícia Militar das investigações sobre o jogo ilegal como medida para combater o grande número de denúncias envolvendo policiais e a máfia de caça-níqueis.

A decisão gerou mal-estar e o titular da pasta, João Furtado Neto, convocou nesta quarta-feira (23) uma entrevista coletiva para esclarecer a determinação. A entrevista aconteceu logo depois de uma reunião entre o governador do Estado, Marconi Perillo (PSDB), o secretário e o alto escalão da Polícia Militar.

Os questionamentos à decisão começaram depois da divulgação de um documento, afixado em alguns batalhões da PM, proibindo os policiais de atuar no combate às máquinas caça-níqueis.

Com o título “Caça-níqueis – orientação do Excelentíssimo Secretário de Segurança Pública de Goiás”, o informativo orienta que “a PM não deve atuar de nenhuma forma neste assunto, mesmo sabendo tratar-se de crime de prevaricação o fato de ter ciência de flagrante de contravenção e deixar de agir”.

O documento foi assinado pelo major Antônio da Costa Teles Filho, comandante da 27ª Companhia da Polícia Militar. Entretanto, o secretário negou que tenha passou a orientação nesses termos. “Esse comunicado não partiu do secretário, nem foi assinado por ele. Acho apenas que essa ordem foi apressadamente interpretada e não bem interpretada”, justificou.

Furtado disse que a PM vai continuar atuando, mas apenas em situação de flagrante. “Se houver flagrante, a Polícia Militar do Estado de Goiás vai fazer a apreensão sem nenhum problema.”

O secretário explicou ainda que tomou essa decisão por causa do grande número de denúncias envolvendo policiais e o jogo ilegal, investigadas pela corregedoria da PM. Entre as modalidades de crimes que estariam sendo praticados, estão o descaminho de máquinas caça-níqueis e a apropriação do dinheiro.

O secretário classificou como preventiva a decisão de afastar os militares das investigações sobre o jogo ilegal. Ele disse ainda que a corregedoria investiga “mais de uma dezena” de casos e que eles foram denunciados nos últimos três anos. Ninguém foi preso ou punido, até o momento, pelo envolvimento com esse tipo de contravenção, segundo o governo.