Topo

Reconstituição do assassinato de irmãs em Cunha (SP) fortalece acusação contra suspeito, diz delegado

Rodrigo Machado<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em São José dos Campos

19/04/2011 19h16

A reconstituição do assassinato das irmãs Josely Oliveira, 16, e Juliana Oliveira, 15, em Cunha (231 km de São Paulo) durou quatro horas entre a manhã e o início da tarde desta terça-feira (19). O principal acusado do crime, Ananias dos Santos, 27, participou de toda a simulação trajando um colete à prova de balas, camiseta e uma bermuda.

Segundo o delegado responsável pelo inquérito, Marcelo Cavalcante, informações como sinal de celular no local exato do assassinato e a abordagem das vítimas fortalecem ainda mais a acusação. “Conseguimos tirar a nossa dúvida quanto uma possível participação de uma segunda pessoa. Não visualizamos a participação de terceiros, mas isso ainda não está descartado.”

A reconstituição, que teve início por volta das 9h com a chegada de Ananias escoltado pela polícia, terminou às 13h15 na casa onde ele morava. Segundo Cavalcante, Ananias participou ativamente, inclusive apontando a mesma arma usada no crime para as ‘adolescentes’, representadas por duas funcionárias públicas.

"Ninguém me ajudou", diz suspeito de matar irmãs em Cunha

“A reconstituição é compatível com as informações levantadas pelo inquérito. Fizemos uma análise técnica de todo o deslocamento de Ananias, incluindo abordagem e a distância do ponto de ônibus, onde as meninas caminhavam quando foram abordadas”, disse Cavalcante.

Dezenas de policiais civis e militares, além de agentes da Defesa Civil, garantiram a segurança durante a reconstituição. Um promotor da Justiça e um perito da Polícia Civil acompanharam passo a passo da simulação.

Ananias relatou durante a encenação do crime que as irmãs chegaram a perguntar a ele se seriam machucadas e mortas. “Ele respondia que só estava com elas para conversarem. Em um determinado momento ele se sentiu ofendido com as reclamações dela por estarem andando sem saber para onde, momento em que efetuou os disparos contra as vítimas”, afirmou o perito Jorge Azevedo.

Ontem a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o laudo de balística comprovou que a arma encontrada no bairro Campos Novos é a mesma usada no assassinato de Josely e Juliana. Com isso, segundo o delegado, Ananias é considerado o autor do crime. Ainda nesta terça-feira, a Polícia Civil fará um relatório com as constatações feitas na reconstituição.

Entenda o crime

As irmãs desapareceram no dia 23 de março e seus corpos foram localizados no último dia 28, num matagal a sete quilômetros de onde as estudantes foram vistas pela última vez.

Elas foram mortas a tiros: Juliana morreu com quatro disparos e Josely com um tiro no peito e outro na cabeça. Os corpos também tinham sinais de violência. Exames apontaram, entretanto, que ambas não sofreram violência sexual.

Santos, que chegou a entrar na lista dos 25 criminosos mais procurados do Estado de São Paulo, é condenado por roubo, porte ilegal de armas, formação de quadrilha e constrangimento ilegal em Lorena e Cachoeira Paulista, entre 2002 e 2003.

Foragido do Pemano (Centro de Progressão Penitenciária Dr. Edgard Magalhães Noronha), de Tremembé, desde março de 2009, quando recebeu permissão para saída temporária de Páscoa, Santos era considerado o principal suspeito pela morte das adolescentes. Ele chegou a assumir a autoria do crime, mas o negou posteriormente, alegando que havia sido torturado pela polícia. Seu advogado chegou a pedir à Justiça um novo depoimento alegando que as declarações do acusado não podiam ser consideradas oficiais, mas o pedido foi negado.