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Após ser resgatado, corpo de namorada de filho de Sérgio Cabral é velado no Rio de Janeiro

Do UOL Notícias*

No Rio de Janeiro e Salvador

20/06/2011 14h55Atualizada em 20/06/2011 15h16

O corpo de Mariana Noleto, 20, a namorada do filho do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, chegou na tarde desta segunda-feira (20) ao Rio de Janeiro, onde será velado e sepultado. Ela é a quinta vítima do acidente de helicóptero, ocorrido na última sexta-feira (17), em Trancoso, litoral de Porto Seguro, no sul da Bahia. Ela já está sendo velada na capela 2 do cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul da capital fluminense.

Equipes da Marinha encontraram o corpo na madrugada de hoje, a cerca de 200 metros da praia. Após ser retirado do mar, ele foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Porto Seguro, de onde foi liberado por volta de 4h.

Outras duas pessoas continuam desaparecidas, o empresário Marcelo Almeida, que pilotava o helicóptero, e o Jordana Kfuri, mulher do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da construtora Delta. A Marinha mantém na área os navios Patrulha Gravataí e Varredor Albardão, que prestam auxílio nas buscas na região.

O governador Sérgio Cabral, e o filho, que passaram o fim de semana em Porto Seguro acompanhando as buscas, também já estão no Rio. Cabral anunciou que ficará de licença do cargo de hoje até domingo, "por motivos de ordem pessoal". A assessoria de imprensa do governo informou sobre o ofício, encaminhado hoje à Assembleia Legislativa do Rio, após divulgar nota em que Cabral lamentava a morte da estudante Mariana Noleto.

Em nota, o governador disse que Mariana fazia parte de sua família havia sete anos. "Ela contagiou a todos nós com sua leveza e alegria. Estudante aplicada, filha cercada de amor e de amigos, Mariana trará sempre à lembrança todo o seu encantamento. A nossa família está triste e presta os mais profundos sentimentos à família da para sempre querida Mariana."

Por fim, o governador estendeu os "sentimentos e lamento" às famílias dos demais passageiros do helicóptero. Durante o período em que Cabral estará de licença, assume o cargo o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Buscas

Mergulhadores da Marinha conseguiram entrar hoje na cabine do helicóptero, encontrada ontem à noite, mas não encontraram nenhum corpo. Existe a possibilidade de eles terem sido levados pela correnteza.

Conforme o capitão-tenente Jorge Cordeiro, são remotas as possibilidades de a cabine ser içada ainda nesta segunda-feira. “Um procedimento desses requer alguns protocolos, não é algo tão simples”, disse, acrescentando que a prioridade da Marinha continua sendo a busca pelas vítimas.

Os trabalhos de busca recomeçaram hoje por volta de 6h, concentrados nas imediações de onde foi localizada a cabine. O helicóptero está a 10 metros de profundidade.

O acidente e as vítimas

O helicóptero decolou do aeroporto de Porto Seguro com destino ao condomínio de luxo Jacumã Ocean Resort, na Fazenda Jacumã, distante apenas cerca de 15 km do local, ainda no distrito de Trancoso. A aeronave caiu no mar, cerca de 500 metros da praia. Estava chovendo e ventando no momento do acidente.

Logo após a queda da aeronave, um Esquilo prefixo PR-OMO, os corpos da babá Norma Batista de Assunção e das crianças Gabriel Kfouri, 2 anos, e Lucas Kfouri, 3 anos, foram resgatados. Fernanda Kfouri chegou a ser levada ao hospital Luís Eduardo Magalhães, em Porto Seguro, mas morreu na madrugada de sábado. Todos foram enterrados no fim de semana.

Gabriel é filho de Fernanda com Bruno Gouveia, líder do Biquini Cavadão, banda de rock ainda atuante que surgiu no Rio de Janeiro na década de 80. Lucas era sobrinho de Fernanda e filho de Jordana, que está desaparecida.

Sérgio Cabral e o filho teriam escapado do acidente porque o voo já estava lotado. O governador passaria um fim de semana descansando com amigos na praia baiana.

O piloto Marcelo Mattoso, que é presidente do First Class Group e dono do Jacumã Ocean Resort, teria jantado com o governador, em Porto Seguro, e seguido viagem. Aquele seria o terceiro voo dele no dia.

O Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 2), com sede em Recife (PE), iniciou as investigações para apurar as causas do acidente.

Irregularidades

Conforme o site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Almeida possuía habilitação para pilotar quatro tipos de helicópteros –nenhuma delas do tipo Esquilo–, mas todas estavam vencidas havia pelo menos cinco anos, bem como o exame médico, cuja validade data de agosto de 2008 e deveria ser renovado anualmente.

Como possuía licença para atuar como piloto de helicóptero privado, ele também não podia realizar voos comerciais nem voar à noite, menos ainda em tempo chuvoso, como na noite do acidente, pois não possui a licença IFR (rota de voos por instrumento).

A Anac, entretanto, informou por meio de nota que “aguardamos relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, com a confirmação da matrícula da aeronave e da habilitação do piloto responsável pelo voo. Após o recebimento dessas informações oficiais, vamos confirmar a situação do piloto, da aeronave e proceder, caso haja irregularidade”.

Ainda conforme a nota, as sanções aplicadas ao piloto vão depender do caso em questão. "Por isso precisamos do relatório da investigação para dar continuidade a esse processo", alega o órgão. De forma geral, quando acontece um acidente, a Anac abre um processo administrativo, que só é finalizado após o término da investigação.

Há informações ainda não confirmadas pela Anac, que ele teria usado a licença de outro piloto para obter autorização para os voos que realizou naquela noite.

*Com informações de Heliana Frazão, Hanrrikson de Andrade e da Agência Estado