Ressaca do mar causa terceiro acidente com barco em Alagoas em quatro dias; pescador desaparece

A ressaca do mar, que atinge a costa litorânea nordestina nos últimos dias, causou o terceiro acidente com barcos de pesca esta semana em Alagoas. Na noite dessa quinta-feira (28), uma embarcação com três pescadores virou, após uma onda, a cerca de 3km da costa de Maceió. O acidente deixou um pescador desaparecido, enquanto os outros dois conseguiram se salvar.

As buscas começaram na manhã desta sexta-feira (29) com o auxilio do helicóptero do Corpo de Bombeiros. A Capitania dos Portos de Alagoas informou que um alerta de fortes ondas --que podem chegar a até 4 metros --foi emitido. Por conta do mar revolto, a Marinha informou que não poderia colocar embarcações para ajudar nas buscas.

Os destroços do barco foram jogados pelo mar no bairro do Ponta da Barra, no litoral Sul de Maceió. Dezenas de pedaços estavam jogados no chão nesta manhã, espalhados por uma faixa de areia de quase 1 km.

Perdidos por três dias

Segundo a Capitania dos Portos, os dois pescadores que se salvaram relataram que saíram para pescar na última sexta-feira (22) por acharem que o mar não estava agitado, mas, na segunda-feira (25), o motor do barco quebrou e eles ficaram à deriva. O capitão dos Portos de Alagoas, André Pereira Meire, contou que os pescadores ficaram perdidos no mar por três dias, quando conseguiram chegar a uma distância de duas milhas (3,2 km), da costa de Maceió e avistaram uma antena de telefonia celular.

“Sem equipamento de rádio, os pescadores não tiveram como pedir ajuda e resolveram tentar chegar em terra, mas foram surpreendidos com a arrebentação do mar, nas proximidades do canal da Massagueira. A embarcação virou e se despedaçou. Nenhum deles estava usando coletes, dois se seguraram em pedaços de madeira e um botijão de gás. O terceiro ficou em cima dos pedaços da embarcação e depois desapareceu”, relatou o capitão dos portos.

Segundo o oficial, o pescador que está desaparecido gritou para os colegas dizendo que “não estava aguentando a força do mar e não conseguiria chegar até eles”.

Ainda conforme o capitão, a embarcação não era registrada na Capitania dos Portos, nem possuía equipamentos de segurança como coletes salva-vidas e equipamentos de rádio. "Se ela [a embarcação] tivesse passado por vistoria da Capitania, não teria sido liberado seu funcionamento. O que ocorre é que os pescadores constroem barcos, sem segurança, e não trazem para vistoriarmos. Funcionamos igual ao transporte rodoviário. À medida em que o sujeito compra um carro ele é obrigado a passar pela vistoria do Detran, mas isso não ocorre com os pescadores. Essas colônias nem têm o controle da partida nem da chegada dessas embarcações."

A Capitania dos Portos de Alagoas informou que, na última sexta, a Marinha do Brasil emitiu um alerta a todas as colônias de pescadores de Alagoas que haveria ressaca no mar no fim de semana e durante esta semana. “Os pescadores deveriam evitar o mar neste período, pois é arriscado adentrar com ressaca de ondas até 4 metros. Alertamos que esse período poderia ocorrer acidentes, mas os pescadores preferem se arriscar e alegam que esse é o único meio deles conseguirem o sustento da família para sobreviverem”, afirmou o capitão.

Três casos em quatro dias

O primeiro acidente registrado com embarcação pesqueira durante a ressaca do mar no fim de semana ocorreu na segunda-feira (25). Dois pescadores conseguiram retornar ao continente depois que o barco deles ficou por cinco dias à deriva no mar, com o motor quebrado. Eles só conseguiram voltar a terra porque improvisaram uma vela, com pedaços de roupas e lençóis. Os pescadores teriam saído da praia do Pontal do Peba, em Piaçabuçu, e atracaram o barco na praia do Miai, em Feliz Deserto. Eles não sofreram com a falta de comida porque haviam se programado para passar oito dias no mar.

Na quarta-feira (27), uma embarcação pesqueira de Alagoas, com quatro pescadores, foi parar em Sergipe depois que o motor falhou e ficou a deriva no oceano por oito dias. Os pescadores pediram socorro quando conseguiram sinal de telefonia celular na embarcação. O resgate ocorreu a 10 quilômetros da costa, no município de Brejo Grande (137 km de Aracaju) e foi realizado por meio de helicóptero. A embarcação saiu da cidade de Coruripe (a 80 km de Maceió) para pescar e voltaria com cinco dias. Com fome e sede, os pescadores estavam desidratados. Eles foram socorridos para o Hospital de Urgências de Sergipe, em Aracaju, e passam bem.