Potes de margarina dos Emirados Árabes aparecem boiando em praias de Maceió
Moradores das praias de Guaxuma, Garça Torta e Riacho Doce, localizadas no litoral norte de Maceió, foram surpreendidos com uma carga de margarina da marca Nawar, de fabricação em Dubai (Emirados Árabes Unidos) que apareceu no mar esta semana.
O “presente” jogado no mar causou correria nas colônias de pescadores e comunidades carentes com a euforia da população para resgatar do mar o máximo de caixas e potes que boiavam na água.
Apesar da tarja do produto informar que o prazo de validade está vencido, a população ignorou a informação e, mesmo sem saber a procedência do produto, se arriscou a levar a margarina para utilização no consumo doméstico.
Ao saber do ocorrido, a Vigilância Sanitária de Maceió foi até a orla marítima e recolheu os potes de creme vegetal que ainda restaram à beira-mar. O órgão realizou um mutirão que percorreu de casa em casa para solicitar a entrega do produto para ser descartado no aterro sanitário de Maceió. A Vigilância ainda não contabilizou a quantidade dos produtos que foram recolhidos.
O motorista Luiz Carlos Santos, 42, foi uma das pessoas que levou para casa a margarina e utilizou-a para fritar ovos e peixe. Ele conta que "apesar da orientação da vigilância sanitária em descartar no lixo os produtos, ainda utiliza a margarina”.
“Mesmo sendo fabricada em Dubai e com a data de validade vencida, o aspecto da margarina está ótimo. Seu sabor é maravilhoso”, disse Santos, relatando que estava caminhando à beira-mar de Garça Torta quando viu os potes e caixas sendo trazidos pelas ondas do mar e foi logo recolhendo uma grande quantidade de margarina.
“Eu nem sabia do que se tratava. Quando pisei em falso e senti minha perna toda suja, por conta da pressão ao abrir um dos potes, percebi do que se tratava. As vasilhas estavam sujas de piche por fora, mas tampadas e totalmente seladas por dentro”, afirmou.
Descarte no lixo
Técnicos sanitaristas orientam que a população não consuma a margarina por não saber a procedência do produto, além da falta de condicionamento adequado e ainda está com o prazo vencido, datado para o dia 27 de julho de 2011.
O coordenador-geral da Vigilância Sanitária do município, Ricardo Walker, disse que apesar da ação de recolhimento e do trabalho de conscientização para que a população entregasse os potes, “muita gente já tinha estocado em casa e não quis devolver o produto”.
“O nosso medo é que haja uma epidemia de alguma doença por conta do consumo desse creme vegetal. Ninguém sabe a procedência, se já estaria estragado antes de jogado no mar ou ainda contaminado”, disse.
A Vigilância Sanitária pede que a população que ainda esteja com produto guardado em casa que entre em contato com o órgão (3315-5201) para que o material seja recolhido e levado para o aterro sanitário de Maceió.
“Não podemos obrigar que as pessoas devolvam os potes de margarina e pedimos que a população tenha consciência do perigo que correm de adoecer e nos entregue os produtos para serem descartados.”
O porto de Maceió informou que não registrou a ocorrência de nenhum navio com carga vinda de Dubai, nem tampouco que estivesse com fardos de margarina da marca Nawar. A Vigilância Sanitária informou que solicitou ao porto a relação dos navios, mas que “não poderá punir os responsáveis por não ter descoberto a origem do produto”.
“Desconhecemos que esses produtos tenham sido trazidos de Dubai pelas correntes marinhas. O porto alegou que algum navio em trânsito, que passou próximo ao nosso litoral, que seja responsável pela carga. Não sabemos se os produtos caíram ou foram jogados no mar”, ressaltou Ricardo Walker.
A empresa United Foods Company, que detém a produção industrial de óleo comestível, manteiga e creme vegetal, lista em seu site como sendo responsável pela exportação da margarina de girassol Nawar para 25 países no continente, mas não informa se tem algum cliente no Brasil.
* Com colaboração de Beto Macário, de Maceió
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