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Assaltos a carteiros dobram em Maceió, e Correios suspendem entrega de cartões de crédito

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Natal

22/08/2011 13h07

Depois de registrar 24 assaltos a carteiros somente este ano, a gerência da Empresa de Correios e Telégrafos em Alagoas decidiu suspender por 60 dias a entrega de cartões de crédito nos domicílios.

A medida vale para Maceió e Rio Largo, na região metropolitana da capital, onde foi registrada a maior parte das ocorrências. O número de ataque a carteiros dobrou neste ano em relação a 2010, quando foram registradas 12 ocorrências.

A decisão foi tomada na semana passada, mas não informada à população. A suspensão só chegou ao conhecimento público após consumidores que receberam notificação reclamarem ao Procon da não entrega das correspondências. O órgão criticou a decisão.

Oficialmente a empresa não confirma, mas a gota d'água teria sido a prisão de um carteiro no último dia 10, em São Miguel dos Campos (63 km de Maceió), acusado de envolvimento numa quadrilha especializada em clonagem de cartões de crédito e que estaria por trás dos assaltos a outros carteiros.

“A gente avaliou como uma medida positiva, já que é a tentativa da empresa de tirar o objeto de desejo dos assaltantes. A empresa já está pensando em uma metodologia de como fazer essa entrega, como uma equipe especializada, que atue de motos.

O número de assaltos está insuportável, não dava para trabalhar assim”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Alagoas, José Balbino.

Procurada, a gerência dos Correios em Alagoas confirmou que os assaltos motivaram a suspensão das entregas, mas pediu que a direção geral, em Brasília, se pronunciasse sobre o que levou a empresa a não entregar mais cartões de crédito.

Em nota oficial enviada ao UOL Notícias nesta segunda-feira (22), a empresa informou que “tomou medidas temporárias para garantir a segurança dos empregados e a inviolabilidade das correspondências”, sem dar mais detalhes sobre os assaltos.

No texto, os Correios alegam que durante os 60 dias de suspensão a liberação dos cartões será feita apenas nas agências nos bairros. Quem tiver cartão de crédito a receber será comunicado para retirar a encomenda na unidade mais próxima ao endereço do destinatário.

A empresa informou ainda que, “para normalizar o serviço, está trabalhando em parceria com os órgãos de segurança em soluções e alternativas que garantam mais segurança aos empregados, à carga e aos clientes”.

A Polícia Militar informou que não foi procurada oficialmente, antes da suspensão, para tratar sobre o aumento dos assaltos. A corporação alegou que não há como oferecer segurança a todos os carteiros da capital e defendeu uma apuração que identifique e prenda os acusados.

Para não deixar de realizar o trabalho de triagem e atender à população, os Correios informaram ainda que recrutaram empregados da área administrativa para reforçar o trabalho nas agências de Maceió e Rio Largo, “de forma a minimizar eventuais inconvenientes à população”.

Procon pede esclarecimentos

A suspensão da entrega gerou protestos do Procon de Alagoas, que notificou os Correios para que prestem esclarecimentos em dez dias sobre o porquê da decisão. Para o órgão, a medida desrespeita o Código de Defesa do Consumidor.

O Procon aconselha os consumidores que se sentirem lesados a abrir uma queixa. Para o superintendente do órgão, Rodrigo Cunha, o número elevado de assaltos não justifica a atitude.

“A população não pode arcar com o ônus. É importante frisar que o envio dos cartões de créditos pelas administradoras é feito através de aviso de recebimento, e não reembolso postal. Além disso, o consumidor não pode ser obrigado a bancar o custo de deslocamento e se expor aos riscos alegados pela empresa”, afirmou Cunha, em nota.