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Polícia investiga se punk assassinado durante briga em São Paulo foi vítima de vingança

Janaina Garcia<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

05/09/2011 18h52

Imagem mostra jovem ferido após briga de punks e skinheads

Para a Polícia Civil de São Paulo, o assassinato de Johni Raoni Falcão Galanciak, 25, no último sábado (3), em Pinheiros (zona oeste da capital), tem conotações de vingança. O jovem recebeu diversos golpes de faca durante uma briga entre punks e skinheads próximo à entrada da boate Carioca Club --onde haveria um show de punk rock-- e já tinha passagens pela polícia por outros casos de agressão.

O corpo do rapaz será cremado nesta terça-feira (6) às 10h. O velório acontece no cemitério do Aracá, na zona oeste.

De acordo com o setor de investigação da Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância), onde o caso é investigado, o fato de a vítima ser conhecida por outros casos de agressão e a quantidade de facadas que ele recebeu podem indicar ação motivada por vingança.

“Acreditamos que não se trata de um fato isolado, ao acaso ou fruto de uma rivalidade entre facções: a pessoa [Galanciak] já era visada pelos seu rivais e isso pode se depreender pela barbaridade dos golpes. Quem fez [matou], fez com vontade”, disse ao UOL Notícias um dos integrantes do setor de investigações, que pediu anonimato.

Briga entre punks e skinheads tem 8 presos e 1 morto em SP

O laudo do IML (Instituto Médico Legal) com a causa da morte, bem como número de facadas, ainda não ficou pronto.

Hoje à tarde, a delegada responsável pelo inquérito, Margareth Barreto, começou a tomar depoimentos de integrantes dos grupos e de outros presentes ao local no momento da briga. Um dos problemas, no entanto, segundo a investigação, é a relutância dos envolvidos em fornecer informações.

“Pode ser medo de se expor, mas isso também demonstra que o sujeito pode querer cobrar a bronca [a morte de Galanciak] futuramente. Isso parece que nunca acaba”, disse o policial à reportagem.

Imagens de câmeras de segurança

O produtor Ricardo Garcia Peres, da boate Carioca Club, afirmou que a casa cedeu hoje à tarde à polícia as imagens captadas por duas câmeras de vigilância externas. No entanto, frisou, “não há nada além de gritaria e correria, porque a briga foi a uns 30, 40 metros da porta de entrada”.

Peres disse que o estabelecimento havia pedido reforço à polícia por meio de ofício, no último dia 29, após tomar conhecimento de comentários na internet sobre uma briga marcada para a data.

“Fizemos isso porque vimos comentários, nas redes sociais que divulgavam o show, sobre essa possibilidade de briga. Mas no sábado mesmo, às 14h, recebemos quatro carros da polícia que vieram falar conosco”, disse.

Questionado se havia reforço policial na hora da briga, o produtor afirmou que: “Teve reforço sim, mas pelo que a gente percebeu, [a briga] foi coisa de minutos. E, além do mais, eram no mínimo 30 pessoas de cada lado com facas, machados, rojões. Mas do lado de dentro não aconteceu nada, temos até detector de metais".

Além da morte de Galanciak, Fabio dos Santos Medeiros, 21, ficou ferido na briga. Ele está internado em estado grave na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) do Hospital das Clínicas com traumatismo craniano.