Por falta de pagamento, postes e prédios públicos de Jaguaribara (CE) têm corte de energia
Basta o sol se pôr em Jaguaribara, cidade a 225 km de Fortaleza, para a cidade ficar às escuras. O primeiro município planejado do Ceará vem sofrendo a interrupção no fornecimento de energia elétrica há cerca de um mês, devido à falta de pagamento. Segundo o prefeito Edvaldo Almeida Silveira, o atraso é desde janeiro deste ano. O repasse deveria ter sido feito pelo governo do Estado do Ceará e, até agora, não se concretizou.
Também estão parados o funcionamento do matadouro da cidade, a coleta de lixo e a manutenção do cemitério Parque da Saudade pelo mesmo motivo: atraso na quitação do débito.
De acordo com o prefeito, o motivo do atraso do pagamento foi o aumento substancial dos valores de cada conta. A cidade de Jaguaribara foi projetada para acolher 70 mil pessoas. No entanto, segundo o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o município acolhe apenas 10.399 habitantes. Ou seja, a cidade tem estrutura para acollher sete vezes mais do que o número de sua população atual.
O valor total da dívida, no convênio de seis meses, chega a R$ 576 mil, segundo Edvaldo Almeida. O custo inclui os serviços de energia, coleta de lixo e funcionamento do cemitério e do matadouro. “Estamos com problemas há oito meses e o governador [Cid Gomes] não repassa os recursos da iluminação pública”, aponta.
Segundo ele, no ano de 2000, a conta da iluminação pública era de R$ 2.800. Hoje, após a desapropriação da área original da cidade para a criação da barragem Castanhão, concluída em 2003, o saldo mensal passou a R$ 46 mil, 16 vezes o valor original. De acordo com o prefeito, o repasse já teria sido enviado pela Casa Civil do Ceará. A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa do governo do Ceará, mas sem sucesso.
A falta de energia não ocorre nas casas e comércios, de acordo com a assessoria de imprensa da Companhia Energética do Ceará (Coelce). O corte afeta a iluminação pública da maioria dos postes da cidade, prédios públicos e praças de Jaguaribara. A empresa ganhou, na Justiça do Ceará, o direito de realizar a interrupção no fornecimento da energia, desde que mantivesse o funcionamento de hospitais e escolas públicas.
Como se não bastasse a interrupção do serviço de energia, a cidade também passa por uma greve de garis e de funcionários do cemitério. “Nós estávamos bancando até onde podíamos para a cidade não virar um caos”, informa o prefeito, apontando que teve de realocar dinheiro da educação para cobrir os custos.
Para se ter uma ideia, o cemitério da antiga cidade tinha um espaço de 6.000 m². O novo, tem um espaço de 4 hectares, ou seja, 40.000 m².
População
O aposentado França Dantas Bezerra, 60, diz que a falta de luz traz também corte no sossego. E não é só do perigo de assaltos e outros crimes com as ruas mais escuras.
Segundo ele, a Estação Repetidora da cidade, que fornece o sinal de televisão, também funciona por iluminação pública. “Agora, o povo não pode mais nem assistir à TV em paz. Eu tenho parabólica, não me prejudico tanto. Mas e quem não tem?”, questiona.
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