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Pescador é resgatado vivo em alto mar, no Ceará, após sete dias à deriva com uma boia

Aliny Gama

Especial para o UOL Notícias <BR> Em Maceió

10/09/2011 18h30

Um pescador que estava desaparecido há sete dias no Oceano Atlântico foi encontrado com vida, em alto mar, no Ceará, na manhã deste sábado (10). Francisco Januário de Souza, 60, caiu de seu barco em uma área próxima ao arquipélago de Fernando de Noronha (PE) no último domingo (4) e sobreviveu apenas segurando em uma bóia.

Durante os sete dias no mar, o náufrago ficou sem se alimentar e sem beber água potável. O pescador chegou ao hospital municipal Moura Ferreira, em Acarau (CE), por volta das 17h30 e está recebendo atendimento médico. Januário ficará internado sem previsão de alta.

Segundo informações do hospital, o pescador está bastante debilitado, desidratado e com a pele queimada do sol, além de estar com hipotemia. “Ele já está tomando soro e sendo atendido pela equipe médica. Nos surpreendeu a resistência dele, pois apesar dele estar bastante debilitado, sem conseguir andar, ele está lúcido. Conseguiu dizer até o endereço completo, nome das filhas e nome dos pais”, informou a recepcionista do hospital, Daniele Maria da Silva.

Francisco Januário foi resgatado por uma embarcação que navegava próximo ao município de Acarau, a 244 quilômetros de Fortaleza. As equipes levaram seis horas do local do resgate até o hospital.

A família do náufrago, que mora em Natal (RN), viajou de carro para encontrá-lo. Parentes relataram que uma das filhas de Souza recebeu um telefonema do próprio pai, logo após o resgate, que pediu para um dos pescadores do barco para entrar em contato com a família.

A notícia de que o pescador havia sido localizado vivo surpreendeu até a Capitania dos Portos do Rio Grande do Norte, que estava empenhada nas buscas pelo paradeiro de Souza durante toda a semana. Foram usados um navio e um helicóptero nas buscas, que ocorreram numa área entre o Rio Grande do Norte e Pernambuco, mas sem sucesso. A operação foi suspensa na sexta-feira (8).

O acidente

Francisco Januário estava na companhia de mais oito pessoas trabalhando na pescaria de atum na embarcação Água do Rio Negro, no último fim de semana, quando o motor do porão do barco quebrou, a 141 milhas de Fernando de Noronha.

A embarcação ficou à deriva, e os pescadores conseguiram pedir socorro via rádio no mesmo dia à Capitania dos Portos. Com o mar revolto e a embarcação enfrentando uma forte tempestade, o pescador caiu em alto-mar e desde lá desapareceu.

Segundo a tripulação do barco, eles jogaram uma bóia para que Francisco conseguisse se segurar e ser resgatado, mas numa onda ele desapareceu.

O resgate dos pescadores mobilizou dois navios patrulheiros da Marinha do Brasil, o Goiana e o Grajaú. Segundo o capitão-de-fragata Cléber Ribeiro, os oito tripulantes resgatados no domingo estavam em bom estado de saúde e não sofreram problemas de falta de alimentos e água potável porque foram rapidamente resgatados.

A Capitania dos Portos abriu inquérito para investigar as causas do acidente. A Marinha tem 90 dias para concluir as investigações.