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Mulher que teve carro arrastado por enxurrada em BH diz ter visto morte de perto

Rayder Bragon

Do UOL Notícias, em Belo Horizonte

13/12/2011 21h21

Pouco mais de 24 horas depois de afirmar ter visto “a morte de perto”, a gerente de locação Edivane Pinheiro de Faria, 36, ainda se emociona ao relembrar dos momentos de pavor que passou após uma enxurrada ter arrastado o carro em que estava, juntamente com dois filhos, um irmão e uma amiga, nesta segunda-feira (12), em um bairro de Belo Horizonte.  

Um temporal acompanhado de raios e ventos atingiu a capital mineira, no final da tarde de ontem. Várias ruas ficaram inundadas, e a região (oeste) onde a mulher estava, dirigindo-se a uma consulta de rotina com os filhos, foi uma das mais atingidas.

O carro, que era dirigido pelo irmão dela, foi tragado por uma correnteza que se formou na Avenida Francisco Sá. O veículo só parou ao bater em um poste de iluminação pública. Nesse instante, segundo Edivane, a família vivenciou momentos de pânico.

“Surgiu muita água, o carro quase ficou submerso e tínhamos só uns 20 centímetros de espaço entre a água e o teto do carro para a gente respirar”, relembra.
 
De acordo com o relato dela, funcionários de uma oficina presenciaram a cena e jogaram uma corda, que foi amarrada pelo irmão no volante. Ele conseguiu sair do carro. O homem e os que estavam dentro da loja passaram a tentar segurar o veículo preso ao poste.

“Pensei que a gente fosse morrer. Pedi a misericórdia de Deus, que eles nos amparasse e nos tirasse daquela situação”, disse. Ao poucos, ainda de acordo com ela, os ocupantes conseguiram se equilibrar precariamente do lado de fora, no teto do veículo.

“Eu tirei a Maria Eduarda [1 ano e 8 meses], passei para o meu irmão, e o Cauã [4 anos e 8 meses]. Em seguida, ajudei a Marina [filha da babá das crianças] a subir e passei as crianças para ela”, contou. Nesse momento, ela percebeu que a filha não estava respirando.

“Eu observei que ela estava inconsciente, com os olhos arregalados, mas sem fazer movimento nenhum. Eu gritei para a Marina fazer respiração boca a boca nela. Graças a Deus, ela voltou a si e chorou”, disse com a voz embargada.

O irmão da gerente foi arrastado pela força da enxurrada. Ele somente conseguiu se salvar porque alcançou a carroceria de uma caminhonete que também havia sido jogada contra um poste de energia elétrica.

Por fim, um funcionário da oficina amarrou outra corda na cintura e iniciou o resgate da família e da adolescente. Após a operação de salvamento, Edivane e a família foram encaminhados a um hospital particular, onde ela e a filha passaram a noite.

“Ela ficou internada em observação até hoje de manhã, mas está bem. Ela tomou soro, mas não precisou ser medicada por conta da água que ingeriu”, frisou. Segundo a mulher, a filha está muito assustada e chora constantemente.

Ao rever as imagens pela televisão do momento em que estava no carro, feitas por um cinegrafista amador, ela afirmou ter “renascido”.

“Eu renasci, bem como a minha família e a minha amiga. Mas Deus colocou pessoas boas no nosso caminho e que nos tiraram daquela situação”, finalizou.