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Secretaria confirma 10ª morte suspeita por medicamento contaminado em Minas

Rayder Bragon

Do UOL Notícias, em Belo Horizonte

15/12/2011 14h09Atualizada em 15/12/2011 14h22

A Secretaria estadual de Saúde de Minas Gerais confirmou nesta quinta-feira (15) a 10ª morte suspeita de ter sido causada pelo medicamento Secnidazol 500mg, fabricado pela farmácia de manipulação Fórmula Pharma, localizada na cidade de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri. O último óbito relacionado ao medicamento foi de uma mulher de 72 anos, ocorrida no último dia 22, na cidade mineira.

Ontem, o dono da farmácia, o gerente e a farmacêutica responsável pelo estabelecimento depuseram à delegada responsável pelo caso. O teor dos depoimentos não foi revelado. A advogada do proprietário alega que a farmácia pode ter sido alvo de sabotagem.

A suspeita das autoridades recaiu em um lote do medicamento antiparasitário fabricado no dia 14 de novembro. As investigações preliminares apontam que ele pode ter sofrido contaminação cruzada por substância pertencente a outro medicamento, que era fabricado no mesmo dia. Outra linha seguida é a hipótese de ter sido utilizado um componente anti-hipertensivo.

Ainda não foram encontrados 62 comprimidos do Secnidazol 500mg, de um total de 180 cápsulas manipuladas nesse dia.

“O pedido aos cidadãos é que, caso tenham comprado medicamentos da Fórmula Pharma, entreguem à respectiva secretaria municipal de Saúde”, afirma nota da secretaria estadual. “Os sintomas de intoxicação medicamentosa são: hipotensão (queda da pressão arterial, braquicardia (batimento cardíaco reduzido), dor torácica (dor no peito), cianose (arroxeamento da pele) e sensação de desmaio)”, complementa.

O caso

De acordo com a secretaria de Saúde, as investigações começaram no final de novembro, quando houve a notificação de dois casos de intoxicação feita pelo Hospital Santa Rosália, localizado em Teófilo Otoni. Um casal havia ingerido quatro cápsulas do medicamento, vindo a passar mal momentos depois. O quadro clínico deles piorou, o que exigiu a internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da unidade hospitalar.

A vigilância sanitária interditou a farmácia e sua filial, bem como colheu amostras do produto pronto e da matéria-prima utilizada. Os produtos foram encaminhados para análise na Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte. Outras farmácias foram lacradas em Ladainha, Novo Cruzeiro e Itaipé. 

A Polícia Civil informou que os corpos de duas das supostas vítimas foram submetidos a necropsia para coleta de material, que foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal) de Belo Horizonte para exames toxicológicos.

A delegada que cuida do caso poderá pedir autorização às demais famílias para que os corpos dos parentes sejam exumados e tenham material recolhido para exames laboratoriais.

As possíveis vítimas do remédio são de Teófilo Otoni, Novo Cruzeiro, Ladainha e Itapé. Os nomes não foram divulgados.