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Preso no Rio Grande do Sul, policial paranaense diz que agiu em legítima defesa ao matar sargento gaúcho

Lucas Azevedo

Do UOL Notícias, em Porto Alegre

27/12/2011 21h01

Um dos agentes da Polícia Civil do Paraná envolvido na morte de um policial militar gaúcho, na semana passada, prestou depoimento à Corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul nesta terça-feira (27). O policial alegou legítima defesa e afirmou que atirou no sargento Ariel da Silva, 40, após ele ter disparado.

O sargento da Brigada Militar foi morto na última quarta-feira (21), na cidade de Gravataí (região metropolitana de Porto Alegre). À paisana e pilotando sua moto, ele teria sido confundido por uma equipe de elite da polícia paranaense, que fazia uma investigação sigilosa em solo gaúcho sobre uma quadrilha de sequestradores.

Os paranaenses estão presos desde domingo na carceragem do Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil do RS. Suas prisões temporárias foram decretadas na quinta-feira pela Justiça.

Nesta terça-feira, apenas um dos agentes prestou depoimento e admitiu ter atirado em Silva com uma metralhadora .40. Conforme relatado ao delegado-corregedor, Paulo Rogério Grillo, o sargento gaúcho teria abordado o veículo com os três agentes do Paraná. Ninguém se identificou, e os tiros teriam sido disparados. Silva morreu com a pistola na mão direita. Ao menos um tiro acertou o carro dos policiais civis, que acreditavam se tratar de um assalto.

Após o laudo da perícia, a polícia gaúcha fará uma reconstituição do fato para apurar o que ocorreu naquela noite.

Outras investigações

Além desse inquérito, outras três investigações foram abertas pela corregedoria para detalhar os episódios ocorridos na quarta-feira (21). Uma quer esclarecer a morte do empresário paranaense Lírio Persch, 50, que era mantido refém pela quadrilha investigada pelos policiais paranaenses. Um delegado gaúcho seria o responsável pelos disparos que mataram a vítima.

Outro inquérito vai investigar se ocorreu prevaricação, pelo fato de os policiais paranaenses terem sido liberados pela polícia gaúcha após a morte de Silva. E o último, tenta esclarecer o sequestro dos dois paranaenses –que motivaram a operação da polícia do Paraná no RS.

Na semana passada, o governador gaúcho, Tarso Genro (PT), fez uma reunião de emergência com a cúpula da Segurança, onde pediu empenho no esclarecimento dos fatos. Tarso chamou a ação dos policiais paranaenses de “ilegal e irresponsável”. “Por que eles [policiais] não tomaram as atitudes regulamentares e entraram em contato com a nossa polícia?”, questionou o governador.

Já o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou que no caso da morte do sargento houve falhas das duas polícias. “Foi um fato lamentável, uma fatalidade”, disse. “Pelo que sei houve falha das duas polícias. Mas quero dizer que a polícia do Paraná é muito bem preparada, em especial o Grupo Tigre [de elite da polícia e ao qual pertencem os agentes envolvidos]. Mas fatalidades acontecem.” Segundo ele, o governo paranaense aguardará o resultado das investigações para se pronunciar sobre o assunto.