Chuva deixa 2,3 mil desalojados na cidade mineira de Brumadinho
As chuvas que castigam Minas Gerais e a elevação do nível do Rio Paraopeba deixou ao menos 2,3 mil pessoas desalojadas em Brumadinho, cidade a cerca de 60 quilômetros de Belo Horizonte. Segundo a Defesa Civil municipal, boa parte delas teve que ser abrigada em colégios públicos e centros comunitários usados como alojamentos improvisados.
Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura, apesar de este ter sido o maior desastre natural a atingir a cidade desde 1997, quando o Paraopeba invadiu as ruas do município com a mesma violência, não há, até o momento, registro de mortes ou feridos. E mesmo os prejuízos materiais foram minimizados por obras preventivas realizadas nos últimos anos, garantiu o assessor Leonardo Cruz à Agência Brasil.
Após três dias isolada devido ao tráfego de veículos ter sido interrompido pelo alagamento de todas as vias de acesso, hoje (4) foi possível chegar à cidade utilizando uma estrada de terra que corta uma região de exploração de minério, conhecida como Tejuco.
Até o meio da tarde, boa parte das ruas do centro continuavam debaixo d´água. O nível do rio, contudo, já havia baixado bastante, deixando nos imóveis marcas que indicavam a altura a que a água chegou. Segundo o comerciante Geraldo Andrade do Carmo, em uma de suas lojas de construção a água atingiu quase dois metros de altura. O prejuízo só não foi maior porque, já por conta de experiências anteriores, a maior parte da mercadoria guardada no primeiro andar era louças e pisos.
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Com o sol e o nível do rio baixando lentamente, os moradores e lojistas aproveitaram o dia para tentar limpar suas casas e estabelecimentos, torcendo para que o Paraopeba não volte a subir com a chuva prevista para o próximo final de semana.
"Não pode voltar a chover lá pros lados da cabeceira do rio o mesmo tanto dos últimos dias porque aí dá zebra", disse Carmo, aparentemente resignado após 32 anos instalado no mesmo ponto. "Já estamos acostumados. Dá tristeza dizer isso, mas eu acho muito difícil encontrar uma solução para este problema sem nos tirar daqui", comentou o lojista, revelando que nenhuma seguradora aceita assumir os riscos de ter que indenizar os lojistas da área, considerada, pelas empresas, como sendo de risco, mas que, mesmo assim, não quer deixar o local. "Além de não ficar barato e do risco de perder alguns clientes, a lei não nos permitiria ir para qualquer lugar da cidade"
Dono de um bar que funciona no Estádio João Gomes da Silva, que mais se parece com um reservatório de cerca de dois metros de profundidade, com a água represada pelo muro que cerca o campo, Geraldino Pereira da Silva sequer sabia a situação em que se encontra seu estabelecimento.
"Vou ter que esperar o nível do rio baixar para saber o tamanho do estrago na estrutura do bar. A mercadoria eu consegui tirar a tempo, mas, mesmo assim, dá um desânimo muito grande. Enquanto não puder reabrir o bar eu não ganho dinheiro e ainda vou ter que gastar o que não tenho para fazer as reformas necessárias", disse Silva enquanto ajudava outros comerciantes a retirarem a lama das ruas do centro.
Segundo o assessor da prefeitura, Leonardo Cruz, o problema das enchentes é histórico e, por isso mesmo, a prefeitura realizou obras preventivas na entrada da cidade, como o desassoreamento e a contenção de um trecho da margem do Paraopeba, na altura da entrada da cidade.
"Sem isso, os efeitos de um volume de chuvas tão grande quanto o dos últimos dias e a cheia do rio surgiriam muito mais rapidamente, dando muito menos tempo de reagirmos. Tanto que, desta vez, nós conseguimos retirar todas as famílias de casas em áreas de risco", afirmou Cruz, garantindo que a prefeitura alojou e está dando assistência a todas as pessoas que precisaram, fornecendo inclusive uma bolsa-aluguel de R$ 400 para os cadastrados pela Secretaria de Ação Social.
Ainda de acordo com Cruz, a prefeitura aguarda que o governo federal aprove um novo projeto municipal, mais amplo, e libere cerca de R$ 61 milhões para a cidade investir em novas obras preventivas. Cruz não soube informar a qual ministério o projeto foi apresentado. Segundo ele, a previsão é de que volte a chover no final de semana e a prefeitura não permitirá que ninguém volte a ocupar qualquer uma das casas interditadas enquanto o nivel do rio não baixar e os imóveis forem periciados.
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