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Prédio que "cai aos poucos" em Belo Horizonte atrai curiosos mesmo com chuva

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

09/01/2012 14h54

Um prédio que ameaça ruir no bairro Buritis, região oeste de Belo Horizonte, tem atraído a atenção de curiosos que, mesmo com dia chuvoso nesta segunda-feira (9) na capital mineira, vão ao local para ver a estrutura.

Os moradores do edifício deixaram seus apartamentos em outubro do ano passado, após a interdição feita na época pela Defesa Civil municipal. Outros dois prédios estão interditados na mesma rua.

Segundo a construtora Estrutura Engenharia, que ergueu o edifício, a movimentação do solo por conta da infiltração da água da chuva é a principal causa da deterioração da construção.

A empresa foi acionada na Justiça pelos proprietários em junho de 2010. Eles alegaram ter detectado problemas estruturais, assim que o prédio foi inaugurado, em 1995.

Tanto a Defesa Civil de Belo Horizonte quanto o Corpo de Bombeiros recomendaram a demolição imediata do Edifício Vale dos Buritis.

O perito judicial nomeado no processo também já havia se manifestado pela derrubada do prédio.

Segundo a advogada dos proprietários, foram várias tentativas de acordo extrajudiciais com a empresa nos últimos anos. Os moradores pediam que a construtora pagasse pelos reparos antes de o prédio ser condenado, mas não houve acordo.

Na manhã desta segunda-feira, o UOL Notícias encontrou curiosos no local. O comerciante Raimundo Nonato Silva, 53, disse ter ido ao local pela 1ª vez, atraído pela curiosidade que o local desperta e por ser morador do bairro.

“Eu vim pela curiosidade e também pela preocupação que esse acidente está provocando em muitos moradores do bairro. Isso deve servir de alerta a quem deseja construir no bairro, que é muito montanhoso. As construções aqui têm de ser feitas com muito cuidado”, afirmou.

O servente Roselito Jesus dos Santos, 33, que trabalha em uma obra próxima aos prédios interditados, disse que muitas pessoas vão ao local para fazer fotos e filmagens do “prédio que cai aos poucos”.

“O povo não deixa de vir aqui, mesmo sabendo dos riscos. Nesse fim de semana, tinha muita gente aqui”, disse.

Na manhã de hoje, representantes da Defesa Civil e da Associação Brasileira de Mecânica de Solo, além do Ibape (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia), estiveram no local e avaliaram os prédios.

“Esse prédio está condenado. A gente não pode precisar o dia, mas é uma questão de tempo para ele cair”, disse Clemenceau Chiabi, integrante do Ibape.

Ele ainda declarou que o prédio ao lado do Vale dos Buritis também está condenado.

Disputa na Justiça

A advogada Karen Myrna Teixeira, que representa os condôminos, declarou que seus clientes não concordam com a demolição em audiência feita no último dia 2.

Procurada, ela disse que a razão pela discordância se baseou no fato de a construtora não assumir o custo da demolição. A advogada afirmou que os moradores querem ser avisados sobre o dia é horário dos trabalhos e exigem a presença do perito judicial, cujo honorários teriam de ser bancados pela empresa. 

Por conta disso, o juiz Llewellyn Davies Antônio Medina, que estava de plantão, abriu vistas ao processo às partes envolvidas, que terão 5 dias cada uma para se posicionarem.

De acordo com a assessoria do fórum, o juiz que cuida do processo, Alexandre Quintino Santiago, deverá decidir sobre o pedido de demolição após esse prazo dado.

Em nota, a empresa afirmou que os proprietários, durante a audiência, “se mostraram favoráveis à demolição, num primeiro momento, mas depois voltaram atrás e não autorizaram, preferindo aguardar o deslizamento do talude e o desabamento das construções”.