Sogro de presa por envenenar bolo também morreu por ingestão de arsênio

O sogro de Deise Moura dos Anjos, presa por suspeita de envenenar um bolo que matou três pessoas em Torres (RS), também ingeriu arsênio antes de morrer. Informação consta no laudo da perícia, que foi obtido inicialmente pelo jornal gaúcho Zero Hora e confirmado pela Polícia Civil nesta sexta-feira (10).

O que aconteceu

Paulo dos Anjos, 68, morreu em setembro de 2024 após comer bananas e leite em pó que foram levados à casa dele pela nora Deise. Na época, a morte foi registrada como complicações de uma infecção intestinal.

"Impossível este caso se tratar de intoxicação alimentar, contaminação natural ou degradação de qualquer substância. Conclui-se que a causa da morte de Paulo foi envenenamento", afirma a diretora do IGP, Marguet Mittmann.

Ela [suspeita] pesquisou veneno, receita de veneno que fosse inodora, sem cheiro, sem gosto. E, com base nas pesquisas, chegou a uma composição química, que ela tentou montar. Percebemos isso através das compras nos sites. E, com essa combinação, ela começa a tentar envenenar familiares, chegando na morte do sogro
Sabrina Deffente, delegada da PCRS

Suspeita tentou convencer a família a cremar sogro após morte para encobrir o crime. Segundo a polícia, tentativa não teve sucesso porque faltou assinatura de um dos médicos. "E ela consegue [encobrir a morte], até os envenenamentos em Torres", explicou a delegada.

"Extremamente manipuladora", define polícia. Segundo mensagens obtidas pela polícia, Deise convenceu familiares a não procurarem a fundo o motivo para a morte do sogro. "Há sérios indícios de que ela tenha feito outros envenenamentos, que serão apurados também", afirmou a delegada Sabrina Deffente.

Perícia constatou a presença de arsênio no corpo. Laudos de exames do Instituto-Geral de Perícias (IGP) foram obtidos pelo Zero Hora e confirmados em coletiva de imprensa pela polícia. A substância pode permanecer detectável no organismo mesmo após um período prolongado por ser um metal pesado, explicou o órgão.

A Justiça autorizou a exumação do corpo de Paulo após Deise ser presa por suspeita de envenenar a própria família. Após a coleta de material genético, o corpo de Paulo foi reconduzido ao túmulo. A perícia faz parte da investigação da morte das três pessoas que consumiram o bolo envenenado.

Posso dizer com certeza: ela pesquisou, comprou, recebeu e usou veneno para matar as vítimas
Delegado Cléber dos Santos Lima, chefe do Departamento de Polícia do Interior da Polícia Civil

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A exumação do corpo de Paulo foi realizada no Cemitério São Vicente, em Canoas (RS)
A exumação do corpo de Paulo foi realizada no Cemitério São Vicente, em Canoas (RS) Imagem: Reprodução/TV Globo

Procurada nesta sexta, defesa de Deise ainda não se manifestou sobre acusações mais recentes. No início da semana, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela Souza divulgaram em nota que prestaram "atendimento em parlatório" à suspeita e que não tiveram "acesso integral à investigação em andamento, razão pela qual [a defesa] se manifestará em momento oportuno". O texto será atualizado no caso de futuras manifestações.

Entenda o caso

Suspeita é que Deise tenha envenenado, com arsênio, farinha usada em bolo. Grandes concentrações da substância foram encontradas no doce e no sangue das vítimas e dos familiares hospitalizados após o consumo, segundo as investigações. Ela está presa temporariamente por 30 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período.

"Não há chances de que a causa da morte tenha sido por contaminação natural", afirmou chefe de perícia. Segundo Marguet Mittmann, diretora do Instituto-Geral de Perícias, "as provas periciais comprovam que a causa da morte das vítimas foi envenenamento por arsênio" e que a fonte de contaminação do bolo foi a farinha encontrada na casa de Zeli.

Antes do envenenamento, Deise teria pesquisado "arsênio e similares" na internet. Segundo um relatório preliminar das investigações, as buscas foram descobertas após extração dos dados do celular da suspeita.

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Defesa de Deise diz que vai se manifestar em "momento oportuno". Em nota, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela Souza divulgaram que prestaram "atendimento em parlatório" à familiar investigada e que não tiveram "acesso integral à investigação em andamento".

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